Boletim Edição No.9

Olá a todos!

No mês de setembro tivemos a Expedição de campo Pró-Espécies: Todos contra a extinção do Território Pampa Bagé no Rio Grande do Sul para avaliar sete espécies de peixes-anuais ameaçados de extinção, incluindo novos pontos de ocorrência que eram desconhecidos até o momento. 

O Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) compartilhou os mapas de áreas prioritárias para conservação da flora endêmica que serão utilizados para a implementação do Plano de Ação Nacional (PAN) Endêmicas do Rio e para a elaboração do Plano de Ação do território Centro Minas (MG).

Também temos novidades sobre a inclusão de 5 propostas nos Apêndices da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES). Entre as novidades, destaca-se o Relatório Nacional para a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS).

Expedição de campo Pró-Espécies em território Pampa Bagé avalia 7 espécies ameaçadas de extinção

Entre os dias 3 e 5 de setembro de 2019 foi realizada a 1ª expedição de campo para levantamento de informações do território Pampa Bagé, no Rio Grande do Sul no âmbito do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção.

A expedição teve como objetivo buscar informações sobre a situação de conservação das espécies de peixes-anuais, seus habitats e vetores de pressão. A equipe técnica foi composta por quatro pesquisadores, o Dr. Vinícius de Araújo Bertaco e o Dr. Marco Aurélio Azevedo, da Secretaria  Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (SEMA-RS), e Dr. Luís Esteban Krause Lanés e Dr. Matheus Vieira Volcan, do Instituto Pro-Pampa.

Os pesquisadores realizaram coletas em 13 pontos de sete municípios, Bagé, Aceguá, Hulha Negra, Pedras Altas, Herval, Jaguarão e Arroio Grande, no estado do Rio Grande do Sul. Foram registradas sete espécies de peixes-anuais ameaçados de extinção incluindo novos pontos de ocorrência desconhecidos até o momento.

    • Austrolebias melanoorus
    • Austrolebias juanlangi
    • Austrolebias vazferreirae
    • Austrolebias quirogai
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    • Austrolebias arachan
    • Austrolebias univentripinnis
    • Austrolebias nachtigalli
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Em cada ponto de amostragem foram levantados diversos parâmetros do ambiente aquático, além dos impactos incidentes e potenciais sobre as áreas.
Houve perda de habitat para o peixe Austrolebias quirogai, que possívelmente pode comprometer a existência da população no território.

Os resultados da expedição irão ajudar na definição da lista de espécies alvo e beneficiadas pelo Plano de Ação Territorial (PAT) Bagé, levantamento de ameaças e na definição das ações prioritárias.

Jardim Botânico do Rio de Janeiro disponibiliza mapa de áreas prioritárias para conservação da Flora Ameaçada de Extinção

O Núcleo Planejamento de Ações de Conservação (NuPAC) do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) disponibilizou, recentemente, os mapas das áreas prioritárias para conservação da “Flora endêmica do estado do Rio de Janeiro” e da “Flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional”, ambos abrangendo os territórios do Projeto GEF Pró-Espécies.

Os arquivos vetoriais em formato shapefile foram inseridos no repositório de dados espaciais (http://mapas.jbrj.gov.br/) do Portal de Dados do JBRJ, possibilitando a consulta pública dos locais-chave para conservar as espécies da flora. Além disso, os mapas também serão utilizados para orientar a implementação das ações de conservação previstas no PAN Endêmicas do Rio e para subsidiar a elaboração do PAN Centro Minas no âmbito do Projeto GEF Pró-Espécies.

Ambos mapas consideraram as área prioritárias para a conservação evitando aquelas áreas nas quais os vetores de pressão já estão estabelecidos. Por outro lado, apresentam também os principais vetores de pressão à flora existentes nos territórios, que ajudarão a prevê-los ou combatê-los. A seleção dessas áreas prioritárias foi realizada segundo os princípios do planejamento sistemático para a conservação.

No Portal de Dados você também encontra as áreas prioritárias para conservação e uso sustentável da flora brasileira ameaçada de extinção, que é uma publicação do CNCFlora/JBRJ que contempla os demais territórios Projeto GEF Pró-Espécies.

Brasil contribui para inclusão de espécies ameaçadas de extinção na CITES 

A Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) é um acordo internacional entre governos, cujo principal objetivo é garantir que o comércio internacional não ameace as populações naturais da fauna e flora.

O Brasil é signatário da CITES desde 1975. A 18ª Conferência das Partes – COP da CITES foi realizada de 17 a 28 de agosto de 2019, em Genebra (Suíça). 
Dentre seus destaques, o Brasil contribuiu especialmente para a aprovação de cinco propostas de alteração dos Apêndices da Convenção.

  • 5 Propostas nos Apêndices da CITES

1. A inclusão no Apêndice II de Isurus oxyrinchus e Isurus paucus, as duas popularmente conhecidas como tubarões-Mako.

2. A inclusão no Apêndice II de raias do gênero Glaucostegus, que contém seis espécies: G. cemiculusG. granulatusG. halaviG. obtususG. thouinG. typus conhecidas como peixes-guitarra.

3. A inclusão no Apêndice II de raias da família Rhinidae, que contém 10 espécies: R. australiae, R. djiddensis, R. cooki, R. immaculatus, R. laevis, R. luebberti, R. palpebratus, R. springeri, Rhynchorhina mauritaniensis, Rhina ancylostoma conhecidas também como peixes-guitarra.

4. A inclusão no Apêndice I da borboleta Parides burchellanus.

5. Por último, a inclusão do gênero de árvore Cedrela, conhecido como cedro, que apresenta 17 espécies e distribui-se amplamente desde o México até a Argentina.

Os tubarões-Mako, a borboleta e os cedros ocorrem no Brasil, ao contrário dos peixes-guitarra.

Apêndice I inclui espécies ameaçadas de extinção que são ou possam ser afetadas pelo comércio internacional. Neste caso, o comércio é submetido à regulamentação e autorizado mediante atendimento a requisitos que atestam que a exportação não prejudicará a sobrevivência da espécie e não causará danos aos espécimes.

Já o Apêndice II inclui espécies não necessariamente ameaçadas de extinção, mas para as quais o comércio internacional deve ser controlado a fim de evitar que se tornem ameaçadas. Neste Apêndice outras espécies morfologicamente semelhantes a espécies já presentes nos Apêndices I e II também são incluídas e o seu comércio é permitido, mas regulado.

Antes da COP 18, na base de dados do Species+ constavam 2.612 espécies da flora e 716 da fauna (totalizando 3.328) que ocorrem no Brasil incluídas nos Apêndices da CITES. Adicionalmente, 257 espécies da flora e 137 da fauna (totalizando 394) do país constavam tanto nas Listas Nacionais Oficiais de Espécies Ameaçadas de Extinção (Portarias MMA nº 443, 444 e 445/2014) quanto nos Apêndices da CITES. Estes números foram alterados após a 18ª COP, mas a sua divulgação depende da atualização dos documentos exibidos pela página eletrônica da Convenção.

Revista do ICMBio aborda tema sobre caça no Brasil

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lançou recentemente uma editorial na Revista de Biodiversidade Brasileira de caça no Brasil na qual aborda uma visão ampla e plural do tema, baseada em pesquisas científicas e opiniões de especialistas.

Nome científico: Microlepidogaster perforatus Eigenmann & Eigenmann, 1889
Nome comum: cascudinho
Família: Loricariidae
Categoria de ameaça: Criticamente em Perigo (CR) – Portaria MMA noº 445/2014
Distribuição geográfica: rio Carandaí, tributário do rio das Velhas na bacia do alto rio Paraná, Carandaí, Minas Gerais.
Endêmica do Brasil: sim
Ameaças: expansão urbana, despejos de resíduos provenientes das indústrias, dos esgotos e das redes pluviais.

Microlepidogaster perforatus é endêmica da bacia do rio Carandaí, estado de Minas Gerais. A espécie é encontrada em riachos pequenos com baixíssimo volume d’água, associada à vegetação marginal. O cascudinho é ameaçado principalmente pelas atividade humanas e por isso, foi incluído no PAN Peixes e Eglas da Mata Atlântica que está sob coordenação do ICMBio. O Projeto Pró-Espécies irá apoiar a implementação desse PAN. 
 
 
Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção ICMBio Vol. VI Invertebrados, 2018, pp. 364-366

Relatório Nacional para a Convenção sobre Espécies Migratórias
Fonte: Krishna Barros Bonavides / Ministério do Meio Ambiente

A Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS) é um tratado intergovernamental que se preocupa com a conservação da vida silvestre e dos habitats em escala global, cobrindo espécies migratórias terrestres, aquáticas e aéreas. A CMS pertence às Nações Unidas e entrou em vigor em 1983.

As espécies migratórias fazem parte do patrimônio natural mundial. Eles formam uma parcela significativa de sua biodiversidade e recursos genéticos e desempenham um papel único como indicadores de mudanças ecológicas, como clima e poluição. Além disso, proporcionam numerosos serviços ecossistêmicos, como a dispersão de sementes e polinização, fonte de alimento para outros animais e seres humanos e muitos têm significado espiritual e cultural e são elementos-chave do ecoturismo.

Em 1º de outubro de 2015, o Brasil se tornou parte da CMS. Entre os muitos animais que migram para o Brasil listados pela CMS como ameaçados de extinção estão o maçarico-esquimó (Numenius borealis), o peixe-boi marinho (Trichechus manatus), a cachalote (Physeter macrocephalus), a Toninha (Pontoporia blainvillei) e o tubarão baleia (Rhincodon typus). 

O Brasil também faz parte de acordos relacionados à Convenção, como o Acordo Internacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP), do Memorando de Entendimento para a Conservação de Espécies Migratórias dos Campos Sulinos e seus Habitats (MoU Pastizales) e do Memorando de Entendimento para a Conservação de Tubarões Migratórios (MoU Sharks). 

Para cumprimento dos compromissos assumidos juntos a CMS foi elaborando o Relatório Nacional. Para este ciclo, as questões propostas para preenchimento do Relatório Nacional estão alinhadas com o Plano Estratégico para Espécies Migratórias 2015-2023 da CMS (Strategic Plan for Migratory Species – SPMS).

Os relatórios nacionais além de fornecer um registro oficial da situação nacional de cada instrumento da CMS e desenhar a imagem da sua implementação geral também podem subsidiar o aumento da conscientização sobre as atividades nacionais, a integração das questões de biodiversidade em outros setores. Por outro lado, o processo de elaboração de relatórios permite traçar o próprio progresso e identificar futuras prioridades de implementação, além de ajudar a realizar um planejamento conjunto com outros países. 

A próxima Conferência das Partes da Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres – CMS (COP 13), ocorrerá nos dias 15 a 22 de fevereiro de 2020, em Gandhinagar, Índia.

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