Além da proteção de flora e fauna criticamente em perigo de extinção, ajudará outras espécies representativas do Cerrado
Por Mariana Gutiérrez
No início do mês de novembro foi publicado o Sumário Executivo do Plano de Ação Territorial de Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Cerrado Tocantins (PAT Cerrado Tocantins) realizado pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) no âmbito do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção.
O PAT Cerrado Tocantins concluiu a etapa de elaboração e nos próximos 5 anos irá implementar o Plano que cobre 22 municípios em todo o Estado de Tocantins e que corresponde a mais de 37 mil km2 do bioma Cerrado. O Plano visa a conservação de 9 espécies Criticamente em Perigo (CR) e 3 espécies Em Perigo (EN) de extinção e que não constavam em Unidades de Conservação (UCs) ou não possuíam algum instrumento de conservação.
Oscar Vitorino Junior, biólogo do Naturatins e coordenador do Núcleo Operacional do PAT Cerrado Tocantins destaca:
“O plano estabelece atividades para conservação de espécies que demandam uma atenção especial, que são considerados ameaçados de extinção, nas listas nacionais do Ministério do Meio Ambiente e no Livro Vermelho da Flora Brasil. O Sumário Executivo apresenta uma lista com a indicação da família, espécie, nome comum e estado de conservação desses táxons e em seguida trazinformações sobre a ecologia de cada espécie”.
Entre as espécies-alvo da flora e fauna do PAT Cerrado Tocantins estão:
Angelonia aternifolia: uma erva de até 60 cm de altura com flores de pétalas roxas e que foi encontrada apenas uma única vez em 1978 no município de Almas, TO.
Bomelia braunni: é uma bromélia que cresce no solo e pode atingir 40 cm de altura e tem flores agrupadas que vão desde a cor lilás até a rouxa. Ela possui frutos que quando estão maduros tem o formato de uma bananinha.
Mylesinus paucisquamamtus: conhecido como pacú dente-seco, é um peixe de porte médio que chega a atingir aproximadamente 30 cm, sua ocorrência é limitada à bacia do rio Tocantins e se alimenta de plantas aquáticas.
Paratrygon aiereba: é conhecida como arraia maçã e também é a maior espécie de arraia com ocorrência na bacia dos rios Araguaia-Tocantins. Esta espécie se alimenta de moluscos e peixes.
Além das espécies alvo, serão beneficiadas indiretamente 49 espécies de fauna e 16 de flora, entre os destaques estão o gavião real (Harpia harpyja) , o lobo guará (Chrysocyon brachyurus), a onça pintada (Panthera onca), a abelha Uruçu-Amarela (Melipona rufiventris) e 16 tipos de plantas do grupo Angioespermas que em muitas vezes podem facilitar o processo de polinização.
O Naturatins publicou no dia 07 de julho a Portaria n° 80 no Diário Oficial do Estado (DOE), que estabelece a criação do Plano de Ação para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Cerrado Tocantins (PAT Cerrado Tocantins).
Durante a elaboração do PAT Cerrado Tocantins foi realizada uma expedição de campo para o levantamento de informações e situação de conservação e ocorrência das quatro espécies prioritárias de flora na qual participaram pesquisadores do Centro Nacional de Conservação da Flora e Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (CNCFlora/JBRJ), da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), do Naturatins, da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e da Universidade de Brasília (UnB). A oficina de elaboração reuniu representantes de 15 órgãos, instituições federais e organizações.
A participação e engajamento de atores locais é essencial para a implementação de todas as ações planejadas. O PAT Cerrado Tocantins conta com o assessoramento técnico da Universidade Federal de Tocantins (UFT), Universidade Estadual do Tocantins (UNITINS), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (RURALTINS).