Projeto avaliou o estado de conservação de 20 mil espécies da fauna e da flora e realizou mais de 225 expedições de campo
O Brasil é o país com a maior biodiversidade do planeta. Seus rios caudalosos são habitat para mais de duas mil espécies de peixes catalogadas, a maior variedade do mundo. No nosso céu é possível ver 1.800 diferentes espécies de aves de tamanhos e cores diversas. Entre 90 mil e 120 mil espécies de insetos vivem no país, há uma variedade incrível que vive no Pampa, para o banquete do jacu, saíra, macuco e maravilhosas outras aves como a jacutinga. Graciosas araucárias ofertam deliciosos pinhões na Mata Atlântica e no Pampa. O Pantanal com suas águas e o tuiuiú enchem os olhos de beleza. São cerca de 100 mil espécies de animais vertebrados e invertebrados habitando o país. E até os fungos, nem sempre lembrados e visíveis, o Brasil tem 10% das 5 mil espécies que existem.
Por outro lado, são enormes também os números que causam preocupação: 4.457 espécies estão em risco no Brasil. São 147 no bioma Marinho, 267 no Pampa, 3.448 na devastada Mata Atlântica, 2.319 no Cerrado invadido pela monocultura de grãos alimentícios para exportação, 1.615 na Caatinga, 149 no Pantanal e 531 na Amazônia.
Mas o Brasil também é rico em ciência e em inteligência. Em todos os biomas, o “Projeto Pró-Espécies – Todos contra a extinção” criou mecanismos para a redução de ameaças a pelo menos 290 espécies categorizadas como Criticamente em Perigo (CR), das quais 193 não contavam com nenhum instrumento de conservação. As iniciativas se desenvolvem em 12 estados, em 62 milhões de hectares. Por isso, no Dia Internacional da Biodiversidade, temos muito a comemorar.
A data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 22 de maio de 1992, foi criada como um alerta. O objetivo é chamar a atenção para os cuidados com a conservação. E esse cuidado tem sido o principal motor dos profissionais e instituições envolvidos com o projeto, que fizeram a avaliação do estado de conservação de quase 20 mil espécies, sendo cerca de 14 mil da fauna e quatro mil da flora, em ações coordenadas pelo ICMBio e JBRJ. Nos últimos anos foram realizadas 225 expedições de campo que resultaram na redescoberta e descrição de pelo menos 10 espécies.
“É um dia especial e de comemoração. Temos muitas entregas porque temos trabalhado muito no sentido de fortalecer nossas ações em prol da conservação da biodiversidade como o projeto Pró-Espécies que existe já há alguns anos e com impactos muito significativos para nossas espécies ameaçadas. Se de um lado temos a preocupação da nossa biodiversidade de onde ela está, de outro lado também temos a preocupação de devolver a biodiversidade para onde ela deveria estar” afirma Rita Mesquita, Secretária Nacional de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
O Pró-Espécies foi instituído em 2014 pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), se insere em uma rede de poderes públicos regionais, sub regionais e comunidades locais, com investimentos de R$ 62,5 milhões do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) em projetos, por exemplo, de proteção de peixes amazônicos e marinhos, eglas (da família dos crustáceos) da Mata Atlântica, invertebrados terrestres e aquáticos, répteis, aves, mamíferos e muitas plantas. A iniciativa é implementada pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e tem o WWF-Brasil como executor.
Em seis anos, o projeto apoiou a elaboração e implementação de 21 Planos de Ação Nacionais e Territoriais para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PANs e PATs) e contou com as parcerias do ICMBio e JBRJ. E das 193 Espécies Criticamente em Perigo (CR) de extinção, que não contavam com instrumentos de conservação, agora estão contempladas: 112 da Flora, 50 Peixes Continentais, 19 Invertebrados Terrestres, 6 Invertebrados Aquáticos, 2 Peixes Marinhos, 2 Répteis, 1 Ave e 1 Mamífero.
Esses números foram destaque hoje em evento no Ministério do Meio Ambiente em comemoração do Dia Internacional da Biodiversidade. Eles também estão expostos no hall da instituição, com visitação aberta ao público junto a imagens de espécies brasileiras contempladas pelo projeto, que entra no ano final.