Encontro estratégico definiu próximos passos para garantir a conservação das espécies ameaçadas de extinção
O andamento das ações previstas no Plano de Ação Territorial Veredas Goyaz-Geraes foram avaliadas durante a 1ª Reunião de Monitoria realizada em Alto Paraíso (GO). O encontro reuniu, em maio, especialistas e representantes de diversas instituições públicas e privadas que participaram da elaboração do plano da região, que tem coordenação do Instituto Estadual de Florestas (IEF) de Minas Gerais e Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do estado de Goiás (SEMAD-GO). O objetivo foi avaliar o progresso de cada atividade da Matriz de Planejamento do PAT após seu primeiro ano, identificar as dificuldades e realizar ajustes necessários para garantir a conservação das espécies ameaçadas de extinção.
O plano de ação abrange atividades para a conservação de nove espécies categorizadas como Criticamente em Perigo (CR), sendo 4 da flora, 3 peixes, 1 invertebrado de água doce e 1 mamífero. Entretanto, os efeitos positivos das ações do PAT Veredas Goyaz-Geraes também beneficiam outras 99 outras espécies ameaçadas presentes no território.
De acordo com Caio César, analista ambiental da SEMAD-GO, a rede de parceiros é peça fundamental para a implementação das ações do plano, uma vez que reúne técnicos de diferentes instituições para atuar na melhoria do status de conservação das espécies-alvo. “Dentre as principais dificuldades encontradas para melhorar o status de conservação das espécies-alvo do PAT estão a velocidade de conversão do uso do solo, a falta de políticas públicas e recursos humanos e financeiros para mitigar ou minimizar a extinção de espécies e a dificuldade de adoção de alternativas econômicas mais sustentáveis para o território. Por isso, a rede de parceiros é peça fundamental. O poder público deve somar esforços com instituições de ensino, pesquisa, extensão, organizações não governamentais e a sociedade civil organizada”, reforçou.
Para Gabriela Brito, analista ambiental do IEF, a reunião foi estratégica para a definição dos próximos passos. “Passado um ano da elaboração do plano, é importante termos esse olhar para ações em andamento. Dessa forma, conseguimos corrigir as dificuldades e otimizar a Matriz de Planejamento para o cumprimento dos objetivos”.
Uma das atividades previstas no PAT Veredas Goyaz-Geraes é a análise e retificação do Cadastro Ambiental Rural das propriedades dos municípios mineiros de Paracatu e Unaí. Marcos Guimarães, analista ambiental do IEF, reforçou o compromisso de realizar a análise de 100% dos cadastros. “Devemos trazer para o nosso cotidiano esses valores que estão sendo discutidos aqui com os especialistas de mais alto nível acadêmico e de conhecimento e experiência técnica da área, principalmente nos aspectos vinculados à regularização ambiental, da aprovação de reservas legais, na análise de intervenções ambientais, supressão de vegetação, intervenção em Área de Preservação Permanente (APP), entre outras discussões”, avaliou.
Expedição
Para atender ao objetivo previsto na Matriz de Planejamento para coletar germoplasma, visando viabilizar a reprodução das espécies-alvo e espécies beneficiadas da flora para sua conservação ex situ em bancos de sementes e jardins botânicos, uma equipe integrante do Grupo de Assessoramento Técnico (GAT) do PAT realizou em março a primeira expedição de campo para localizar amostras de três espécies-alvo: Diplusodon panniculatus, Eriope cristalinae e Jacaranda intricata.
A viagem foi liderada pelo Dr. Bruno Machado Teles Walter, da Embrapa Cenargen, e contou com a participação de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB). Foram coletadas 263 amostras botânicas, abrangendo uma vasta diversidade de espécies, que incluem aproximadamente 49 famílias e 230 espécies diferentes. Graças à expedição, foi possível identificar pela primeira vez o local de ocorrência da Jacaranda intricata. A espécie apresentou uma distribuição restrita a áreas específicas de cerrado rupestre em Cristalina (MG), agora ameaçadas pela invasão biológica de capim-gordura (Melinis sp.). Além disso, as restrições de acesso a áreas de coleta, muitas em propriedades privadas, demonstram ser um obstáculo significativo para a proteção dessas espécies.
