Ação é promovida em assentamentos pelo Inema e Projeto Pró-Espécies
Nos quintais da área rural da Serra da Chapadinha, na Bahia, têm muitas frutas como manga, caju e jaca que agora estão sendo consumidas de um jeito diferente. A castanha do caju virou leite de castanha e a jaca virou carne depois que foi realizada nos dias 8 e 9 de outubro em assentamentos do município de Itaeté (BA) a oficina “A Culinária Ética Sustentável”. A iniciativa faz parte do Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Chapada Diamantina-Serra da Jiboia (PAT Chapada Diamantina-Serra da Jiboia) coordenada pelo Instituto do Meio Ambiente e Recurso Hídricos (INEMA) da Bahia, no âmbito do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção.
Essa é umas das 30 ações do PAT que tem como objetivo garantir a segurança alimentar dos assentamentos Colônia, Baixão e Europa no município de Itaeté, tendo como público alvo as mulheres, ensinando diversas formas de produzir diferentes receitas a partir de alimentos que os moradores da região encontram em seus quintais.
A iniciativa contou com a contratação da Kombi Cura para realizar a oficina. Eles têm um projeto nômade de divulgação, estudo, ensino e aprendizado de estilos alternativos de vida, especialmente ligados ao veganismo e alimentação curativa.
As frutas e frutos encontrados nesses quintais são livres de agrotóxicos e, muitas vezes, desperdiçados por falta de conhecimento das diferentes formas como eles podem ser cozinhados. “Mais da metade de tudo que se produz, se perde”, explica Rafael de Souza Figueiredo, chef vegano da Kombi Cura.
Essa perda está relacionada à falta de conhecimento do quão diversas podem ser as opções de receitas a partir desses alimentos. A, jaca, por exemplo, produz excelente carne vegetal porque sua fibra não tem gosto. E vários países do mundo têm investido grandes somas de dinheiro em estudos para produzir as melhores carnes vegetais, segundo Figueiredo.
“A oficina foi uma quebra de paradigma para elas. Geralmente não se dá valor ao que se tem em abundância. Torceram o nariz para a carne de jaca e quando comeram, amaram”, explicou Sara Alves, coordenadora do PAT Chapada Diamantina-Serra da Jiboia. Antes de colocarem a mão na massa, vídeos e uma roda de conversa foram realizadas para introduzir o assunto.
“Não queremos levar nada pronto da nossa cabeça de gestor. Queremos levar o que é importante para elas”, explica Sara, que saiu do encontro com o pedido de apoio na montagem de uma cozinha comunitária no assentamento.
Alcançar a segurança alimentar em todo o mundo faz parte de uma das metas do 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma agenda global que tem 169 metas que visam a construção de um mundo mais justo, próspero, sustentável e igualitário até 2030.
Além de segurança alimentar, a oficina procurou debater também o turismo de base comunitária, que valoriza o modo de vida das populações locais. A ideia é que os comunitários possam receber pessoas em suas casas e mostrar seus quintais, suas tradições, fora do modelo tradicional de turismo de grandes estruturas, o que pode reforçar ainda mais a renda da comunidade.