Objetivo é elaborar um protocolo de avaliação de risco para as vias e vetores de introdução e dispersão dessas espécies
O Brasil dá mais um passo importante para o controle, combate e erradicação de espécies exóticas invasoras. Até o dia 22 de novembro fica aberta a consulta a especialistas, técnicos e gestores referente ao processo de desenvolvimento do protocolo de avaliação de risco para as vias e vetores de introdução e dispersão dessas espécies que representam uma verdadeira ameaça à biodiversidade.
O objetivo é adquirir um conhecimento aprofundado sobre as principais formas de introdução e disseminação de espécies potencialmente invasoras. Isso envolve o desenvolvimento de sistemas de monitoramento, implementação de barreiras contra espécies indesejadas e campanhas de comunicação para reforçar medidas preventivas.
A consulta do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), realizada por meio do Departamento de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade (DCBIO), faz parte do plano de implementação da Estratégia Nacional para Espécies Exóticas Invasoras (ENEEI). A análise e a colaboração dos especialistas é uma rotina adotada em todas as agendas que tratam sobre o tema e a proposta é manter um canal aberto com grandes profissionais da área para agregar conhecimento nos projetos e nas políticas públicas que serão elaboradas.
A ação está alinhado ao novo acordo para a conservação da biodiversidade assinado durante a 15ª Conferência das Partes (COP 15) da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (CDB), que define como uma das metas a eliminação, redução ou mitigação das espécies exóticas invasoras e seus efeitos na biodiversidade e nos serviços dos ecossistemas. Chamado de Marco Global de Kunming-Montreal da Diversidade Biológica, o acordo destaca que o controle das invasoras será possível desde que haja a detecção e a gestão das vias de introdução, que é a maneira pela qual as espécies chegam em um território.
Planos de ação
Atualmente, o Brasil conta com planos específicos para o combate de espécies invasoras como Javali, Mexilhão-dourado e Peixe-leão. A partir da elaboração dessa nova metodologia de avaliação de risco, que levantará informações como quais vias e vetores representam uma maior ameaça ao Brasil, quais causam maior impacto, quantidade de táxons introduzidos por cada meio e custos associados ao impacto da invasão biológica, será possível atingir um maior número de alvos, o que trará mais eficiência para o controle. A elaboração das políticas públicas, portanto, poderá ser focada tanto na fase pré- invasão como na fase em que a espécie já está instalada no país, para garantir que a dispersão fique o mais limitada e controlada possível, constituindo uma abordagem moderna e informada por dados sobre as ações contra as espécies exóticas.
Orientações recentes tanto da CDB quanto do relatório recente da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) reforçam, inclusive, que o controle das espécies exóticas invasoras é mais eficiente quando se analisa, em primeiro lugar, as vias e vetores de introdução e dispersão.
Impactos negativos
Segundo o relatório da IPBES, as espécies invasoras causam prejuízo de mais de US$423 bilhões por ano à agricultura, à pesca, ao abastecimento de água e a outros serviços ecossistêmicos em todo o mundo e estão entre as cinco principais causas da perda de biodiversidade. Elas têm sido um fator importante em 60% das extinções globais de animais e plantas já registradas.
As espécies exóticas invasoras têm sido transportadas, de forma intencional e acidental, entre regiões, países e ecossistemas num ritmo crescente devido à intensificação do comércio, de viagens e do turismo. Estão presentes em praticamente todos os ecossistemas, ameaçando a sobrevivência de espécies nativas e o equilíbrio dos ambientes naturais.
Até o momento, o MMA juntamente com diversos setores (setor público, econômico e terceiro setor) identificou aproximadamente 445 espécies exóticas invasoras presentes no país, sendo cerca de 255 espécies da fauna e 190 da flora. Além disso, foram identificadas cerca de 50 espécies exóticas de fauna e 48 da flora ausentes ou contidas com risco de invasão no Brasil.
Os impactos sobre a biodiversidade causados por invasões biológicas afetam a provisão de serviços ambientais, a economia, a saúde e a conservação do patrimônio genético e natural. Reduzir esses impactos requer uma abordagem interdisciplinar e o envolvimento dos governos federal, estaduais e municipais, empresas e sociedade civil e é justamente esse o trabalho desenvolvido a partir da ENEEI, com apoio do Pró-Espécies: Todos contra a extinção.
O projeto Pró-Espécies é financiado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Facility Trust Fund), coordenado pelo MMA, implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e tem o WWF-Brasil como agência executora. O objetivo é implementar políticas públicas voltadas à conservação de pelo menos 290 espécies brasileiras categorizadas como ameaçadas de extinção e alavancar iniciativas que reduzam as ameaças à biodiversidade brasileira.
Serviço:
Consulta “Desenvolvimento e aplicação do protocolo de avaliação de risco e planos de ação para as vias/vetores de introdução e dispersão de espécies exóticas invasoras no Brasil”
Prazo final: 22 de novembro
Para acessar a consulta, clique aqui