Encontro detalhou ações desenvolvidas para combater uma das maiores ameaças à biodiversidade brasileira
Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Biodiversidade (22 de maio), representantes do governo federal, de diversos órgãos ambientais e instituições federais e estaduais, universidades e organizações não governamentais se reuniram, nesta quinta-feira (25), para debater sobre os riscos das espécies exóticas invasoras, que são aquelas plantas e animais que estão fora da sua área de distribuição natural e acabam ameaçando hábitats, serviços ecossistêmicos e a diversidade biológica.
O encontro online integra as ações programadas para a execução da Estratégia Nacional para Espécies Exóticas Invasoras, apoiada pelo projeto Pró-Espécies: todos contra a extinção, e teve o objetivo de apresentar os resultados do Plano de Implementação, elaborado de forma participativa, e que consolida as diretrizes para a gestão e manejo dessas espécies. Na oportunidade também foram avaliados os desafios e próximos passos para efetivação da Estratégia Nacional.
“As espécies exóticas invasoras são uma das maiores causas de perda da biodiversidade em todo o mundo e com a continuidade do aquecimento global e as mudanças climáticas é provável que as consequências sejam ainda maiores. Fico muito feliz que a gente esteja dando atenção a essa temática e ver os avanços na implementação dos produtos previstos no plano de ação para prevenir a entrada dessas espécies”, reforçou Bráulio Dias, diretor de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) durante a abertura da 4ª Monitoria Anual e Avaliação de Meio Termo.
Ao todo, foram realizadas seis reuniões para o levantamento de informações neste ano, o que representou quase 21 horas de diálogos entre 45 representantes de 20 organizações (governo, universidade e organizações não governamentais).
“Mais de 60% das ações estão concluídas ou em andamento conforme o planejado e conseguimos avançar em diversos pontos. Os próximos passos são a retomada do grupo para acompanhar o andamento do plano e a priorização de algumas atividades, como a divulgação da base de dados e estabelecimento do Programa Nacional de Alerta, Detecção Precoce e Resposta Rápida De Espécies Exóticas Invasoras”, adiantou a analista ambiental do MMA Tatiani Chapla.
Visão integrada
A Estratégia Nacional para Espécies Exóticas Invasoras, aprovada por meio da Resolução CONABIO nº 07, de 29 de maio de 2018, foi elaborada com foco nas espécies exóticas invasoras que ameaçam ou impactam a diversidade biológica no Brasil e propõe uma visão integrada para combater os prejuízos econômicos e à saúde causados por elas. A proposta é que, até 2030, sejam desenvolvidos Planos de Prevenção, Erradicação, Controle e Monitoramento dessas espécies, sistemas de detecção precoce e resposta rápida para dar agilidade às ações de controle, análise de risco, para avaliar a probabilidade de introdução, estabelecimento e invasão de uma espécie exótica e magnitude das consequências, além de um sistema informatizado que reúna os dados de ocorrência e informações de todo o país.
Dentre os avanços, destaque para a elaboração dos planos de controle dos javalis, coral-sol e mexilhão-dourado, além de planos de controle de espécies exóticas invasoras em Unidades de Conservação, as ações de capacitação junto a gestores de unidades de conservação e guardas de parques, e produção de materiais voltados à educação ambiental e divulgação da Estratégia Nacional.
“Vamos trabalhar melhor as políticas públicas voltadas para o controle das espécies exóticas invasoras, ampliar o esforço de erradicação nos locais onde for possível, como ilhas oceânicas, e dar grande ênfase na prevenção”, concluiu o diretor Bráulio Dias.
Invasoras no Brasil
Até o momento, o MMA juntamente com diversos setores (setor público, econômico e terceiro setor), identificou aproximadamente 445 espécies exóticas invasoras presentes no país, sendo cerca de 255 espécies da fauna e 190 da flora. Além disso, foram identificadas cerca de 50 espécies exóticas de fauna e 48 da flora ausentes ou contidas com risco de invasão no Brasil.
As espécies exóticas invasoras têm sido transportadas, de forma intencional e acidental, entre regiões, países e ecossistemas num ritmo crescente devido à intensificação do comércio, de viagens e do turismo. Estão presentes em praticamente todos os ecossistemas, ameaçando a sobrevivência de espécies nativas e o equilíbrio dos ambientes naturais.
Os impactos sobre a biodiversidade causados por invasões biológicas afetam a provisão de serviços ambientais, a economia, a saúde e a conservação do patrimônio genético e natural. Reduzir esses impactos requer uma abordagem interdisciplinar e o envolvimento dos governos federal, estaduais e municipais, empresas e sociedade civil e é justamente esse o trabalho desenvolvido a partir da Estratégia Nacional para Espécies Exóticas Invasoras, com apoio do Pró-Espécies.
O projeto Pró-Espécies é financiado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Facility Trust Fund), coordenado pelo MMA, implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e tem o WWF-Brasil como agência executora. O objetivo é implementar políticas públicas voltadas à conservação de pelo menos 290 espécies brasileiras categorizadas como ameaçadas de extinção e alavancar iniciativas que reduzam as ameaças à biodiversidade brasileira.