Mais de 5 mil pinheiros serão retirados de áreas de preservação na Bahia

Publicado em 22 de dezembro de 2023
Mais de 5 mil pinheiros serão retirados de áreas de preservação na Bahia Créditos: Abel Conceição

Mais de cinco mil pinheiros (Pinus) serão retirados de uma área de Cerrado na Chapada Diamantina nos próximos meses. Os pinheiros precisam ser retirados com urgência, pois estão afetando negativamente a estrutura e funcionamento do Cerrado invadido e as sementes estão sendo dispersas para o Parque Nacional Chapada Diamantina e para a Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara. A constatação é resultado de um monitoramento coordenado pelo professor Abel Conceição da Universidade Estadual de Feira de Santana e realizado pelas pesquisadoras Graziela Lima e Dayse Morais

A espécie foi plantada no território inicialmente em 1976 por um fazendeiro que tinha a intenção de usar a madeira. Mais de   20 anos depois, o órgão ambiental local autuou o proprietário e as árvores foram cortadas, mas como sobraram alguns indivíduos da espécie exótica e não houve o controle adequado, o processo de invasão biológica não cessou. Atualmente, em 2023, os pinheiros estão avançando rapidamente para o interior das duas Unidades de Conservação e se a espécie não for erradicada em pouco tempo, a invasão deve se tornar incontrolável. 

Crédito: Abel Conceição

Os pinheiros estão entre as principais espécies exóticas invasoras no Brasil. As plantas exóticas invasoras competem com espécies nativas por espaço ou impedem o crescimento de plantas nativas, o que diminui a diversidade da flora e o suprimento de alimento (folhas, flores e frutos) à fauna. Além disso, muitas espécies são responsáveis por disseminar doenças e pragas. 

Segundo o professor Abel, o monitoramento comprovou os efeitos negativos dessa espécie exótica invasora sobre a biodiversidade no Cerrado da APA Marimbús-Iraquara, como redução no número de espécies, alta dominância da espécie exótica invasora promovendo sombreamento e acúmulo de folhas do pinheiro, o que está alterando a estrutura e funcionamento do Cerrado invadido. 

O monitoramento realizado durante o mês de outubro e a retirada das árvores faz parte de uma ação do PAT Chapada Diamantina-Serra da Jiboia, com financiamento do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção. O estudo avaliou diferentes técnicas de manejo sobre Pinus para que o manejo de pinheiros em cerrados seja aprimorado e aplicável em outras áreas invadidas. 

Crédito: Abel Conceição

O trabalho não terminará com a retirada das árvores. Será necessário monitorar a área por mais três anos devido ao alto potencial de dispersão dos pinheiros, que já espalharam sementes continuamente armazenadas no banco de sementes e que devem germinar em pouco tempo. 

O mapeamento de espécies exóticas invasoras na região começou desde a criação do PAT Chapada Diamantina-Serra da Jiboia, mas é a primeira vez que ocorre o manejo do pinus. De acordo com Sara Alves, coordenadora do PAT, paralelo ao primeiro mapeamento foram realizadas ações de educação ambiental com proprietários do local para evitar o plantio de novas espécies exóticas invasoras na região porque muitas vezes as pessoas plantam por desconhecimento. Ainda segundo Sara, será feito um esforço para que a madeira retirada tenha uma destinação sustentável. 

 

Pró-Espécies

Pró-espécies: Todos pela Extinção, lançado em maio de 2018, trabalha em conjunto com 13 estados do Brasil (MA, BA, PA, AM, TO, GO, SC, PR, RS, MG, SP, RJ e ES) para desenvolver estratégias de conservação em 24 territórios, totalizando 62 milhões de hectares. O projeto busca reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de pelo menos 290 espécies categorizadas como Criticamente em Perigo (CR) e que não contam com nenhum instrumento de conservação. 

A ação é financiada pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Facility Trust Fund), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), sendo o WWF-Brasil a agência executora.

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