Lançada no âmbito do PAT Espinhaço Mineiro, “Menina Ema e A Vida Secreta do Espinhaço” destaca importância da conservação de espécies ameaçadas de extinção
No coração dos campos rupestres do Parque Nacional da Serra do Cipó, uma amizade improvável floresce entre uma jovem chamada Ema e uma planta ancestral conhecida como canela-de-ema-gigante. Essa aventura é retratada no livro “Menina Ema e A Vida Secreta do Espinhaço“, que além de encantar pela fantasia e criatividade, inspira a conscientização sobre a importância da conservação desse ecossistema único e ameaçado. A obra é uma das atividades desenvolvidas pelo Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Espinhaço Mineiro (PAT Espinhaço Mineiro), no âmbito do projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção, e já está disponível para o público em geral.
A publicação foi criada para dar suporte educativo a uma nova trilha interpretativa que levará à uma população de canela-de-ema-gigante (Vellozia gigantea), localizada em uma região chamada Alto do Palácio. De acordo com a chefe do Parna da Serra do Cipó, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Romina Belloni, a nova trilha integra o projeto Santuário das Vellozias e será aberta em setembro de 2024. Durante o trajeto, os visitantes serão acompanhados por guias especializados, que fornecerão informações sobre a flora, fauna e história da região.
“Acreditamos imensamente no encantamento e visitação como ferramentas de conservação, educação ambiental e sensibilização, portanto vamos abrir essa nova atração em homenagem aos 40 anos do Parque Nacional da Serra do Cipó (MG). O trajeto terá 3,5 quilômetros, sinalização didática e será obrigatória a presença de um condutor ambiental”, adiantou.
Além de destacar a importância da conservação da canela-de-ema-gigante, a publicação também trata, de forma lúdica, sobre espécies da fauna, que não estão na categoria ameaçadas de extinção, mas que não existem mais no território do Parque Nacional. “A menina se chama Ema justamente pela simbologia dessa espécie, que já existiu aqui, e não existe mais. Trazemos também o tamanduá-bandeira, que temos poucos exemplares, lobo-guará, perereca-de-pijama e outros”, complementou Romina Belloni, que também é uma das autoras do livro.
O livro é resultado da colaboração de diversas entidades envolvidas com o Parque Nacional da Serra do Cipó, do ICMBio, como o Mosaico de Unidades de Conservação da Serra do Cipó e Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (UNESCO), o Instituto Biotrópicos, Jandaia Histórias Tropicais, além de guias e comunidades locais.
Em Perigo
A canela-de-ema-gigante é uma planta rara e está na categoria Em Perigo (EN) de extinção. O curioso é que alguns indivíduos podem viver mais de 600 anos e atingir 6 metros de altura. O Santuário das Vellozias está inserido dentro de uma área de transição de biomas como Cerrado e Mata Atlântica e segundo Romina Belloni, dentro desse ecossistema, existe um mosaico de tipos de vegetação que envolvem regiões sensíveis como os campos rupestres, onde está localizada as populações de Vellozia gigantea. As principais ameaças para esses ambientes são o aquecimento global, desmatamento e queimadas criminosas.
“É fundamental conhecer a importância da Serra do Espinhaço e de todos os seres vivos que dependem desse ambiente único para sobreviver. Trazer o encantamento dessa região, de forma lúdica, para que as crianças possam se apropriar do tema é uma das maneiras de evitar futuras extinções. Devemos reforçar que a extinção é para sempre”, concluiu a analista ambiental.
PAT Espinhaço Mineiro
O PAT Espinhaço Mineiro é coordenado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF-MG) e foi desenvolvido como uma estratégia integrada para a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais dos ecossistemas presentes na região da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço. O plano busca conciliar a proteção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos com o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais.
O território do PAT abrange uma área com 105.251 km2, perpassando os biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. São alvo desse PAT 24 espécies CR lacunas, sendo 19 espécies da flora, 3 espécies de peixes e 2 espécies de invertebrados, entretanto, os efeitos positivos das ações do plano também serão refletidos em pelo menos 1787 outras espécies ameaçadas presentes no território.
Pró-Espécies
O projeto Pró-Espécies é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), sendo o WWF-Brasil a agência executora.
O projeto trabalha em conjunto com 12 estados do Brasil (MA, BA, PA, TO, GO, SC, PR, RS, MG, SP, RJ e ES) para desenvolver estratégias de conservação em 24 territórios, totalizando 62 milhões de hectares. Prioriza a integração da União e estados na implementação de políticas públicas, assim como procura alavancar iniciativas para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de pelo menos 290 espécies categorizadas como Criticamente em Perigo (CR) e que não contam com nenhum instrumento de conservação.