Por Tainah Guimarães / ICMBio
O peixe-leão (espécies do gênero Pterois) é originário do Oceano Indo-Pacífico, portanto, exótico no Oceano Atlântico. Os recentes registros de peixe-leão no Brasil acendem um alerta nacional, devido aos grandes riscos que podem causar a biodiversidade nativa marinha, especialmente espécies endêmicas, de baixa abundância e de pequena amplitude territorial. O peixe-leão é um predador generalista de espécies de pequeno porte ou de indivíduos jovens de outras espécies. A introdução dessas espécies no Caribe é responsável pela invasão biológica mais prejudicial à biodiversidade marinha já conhecida.
Na pluma do rio Amazonas, onde ocorreram os primeiros registros de pesca acidental do peixe-leão no país, em setembro de 2020, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Norte (CEPNOR / ICMBio) vem atuando junto aos pescadores, com orientações sobre a espécie exótica e sua não devolução ao mar.
Desde que os primeiros registros do peixe-leão foram feitos no arquipélago de Fernando de Noronha, no final de 2020, a remoção dos indivíduos da natureza tem sido feita pela equipe do ICMBio-Noronha em estreita parceria com as operadoras de mergulho, como estratégia de detecção precoce e resposta rápida.
Em outubro de 2021, ocorreu uma capacitação da equipe do ICMBio-Noronha, operadoras de mergulho, moradores e demais colaboradores para atuar no manejo e monitoramento da espécie. A capacitação foi feita em parceria com o STINAPA (Stichting Nationale Parken Bonaire), que possuí ampla experiência no manejo da espécie no Caribe, onde a invasão já ocorre há mais de uma década. O treinamento abordou informações sobre a espécie, formas de captura, cuidados no manuseio uma vez que a espécie é venenosa, e lições aprendidas no combate a esta espécie exótica invasora no Parque Nacional Marinho de Bonaire.
Os registros do peixe-leão em ambas as unidades de conservação federais (Parque Nacional Marinho e Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha) estão mais frequentes no arquipélago. A estratégia do ICMBio é manter as capturas em parceria com as operadoras de mergulho e intensificar as buscas em demais locais.
Para aumentar a eficácia das ações, o projeto Pró-Espécies aprovou o apoio ao ICMBio por meio da implementação de um projeto piloto para a detecção precoce e resposta rápida do peixe-leão em Fernando de Noronha. A ação contempla a realização de capacitação e sensibilização da comunidade, controle e monitoramento da espécie na região, além de outras Unidades de Conservação marinhas que contarão com o suporte de materiais de divulgação produzidos pelo ICMBio com apoio do Projeto PNUD e do MMA. As peças de comunicação serão impressas e distribuídas para as áreas prioritárias, com intuito de informar pescadores, mergulhadores e turistas sobre o avistamento do peixe leão.