Guia reúne técnicas para cultivo de cactos

Publicado em 19 de dezembro de 2023
Guia reúne técnicas para cultivo de cactos Créditos: PAT Campanha Sul e Serra do Sudeste

Material desenvolvido no âmbito do PAT Campanha Sul e Serra do Sudeste atende a uma demanda da comunidade local

A crescente demanda por informações sobre o cultivo de cactos na região sul do Rio Grande do Sul foi o ponto de partida para a equipe do Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Campanha Sul e Serra do Sudeste elaborar um guia completo que reúne todas as técnicas para a produção e manejo dessas plantas. O Guia de Cultivo de Cactos, lançado no final de novembro em Caçapava do Sul, ensina detalhes sobre os recipientes que devem ser usados para o plantio, qual o substrato mais adequado, como fazer a adubação, quais os nutrientes necessários para a planta, como deve ser feita a irrigação, entre outros dados importantes para o seu desenvolvimento. 

A elaboração do material foi resultado de um curso sobre cultivo de cactos, realizado em setembro de 2022, voltado para a comunidade local e profissionais da área do turismo. De acordo com a analista ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura do RS (SEMA-RS), Luisa Lokschin, da equipe de coordenação do PAT Campanha Sul e Serra do Sudeste, a demanda partiu da própria comunidade, que relatava a frequente coleta irregular das plantas por turistas e curiosos. E como o plano de ação tem como foco quatro espécies de cactos classificados como ameaçados de extinção, a proposta era aproveitar a oportunidade para promover o conhecimento sobre a importância da preservação e reduzir as ameaças sobre essas plantas. 

“Para evitar a predação dos cactos por turistas e curiosos, pois elas são realmente muito bonitas, uma das estratégias foi fazer um curso de cultivo aqui na região para que as pessoas pudessem conhecer um pouco mais sobre elas. A atividade foi muito legal, com muitos interessados, e para facilitar e dar continuidade a esse trabalho, nós organizamos esse guia”, complementou. 

O guia explica de maneira prática como cultivar cactos de forma artesanal sem causar prejuízo à conservação das plantas na natureza e é uma estratégia eficiente para a valorização das espécies nativas regionais por meio do seu uso sustentável, proporcionando às comunidades locais uma alternativa econômica por meio da produção de mudas de cactáceas para uso ornamental, conservando, assim, as espécies ameaçadas de extinção. 

Luisa Lokschin ressalta que o guia traz um pouco do conhecimento biológico e botânico, mas também aplicado para o cultivo. A coordenação do trabalho foi da equipe de especialistas da Divisão de Pesquisa e Coleções Científicas da SEMA.  

Além disso, há informações sobre legislação ambiental sobre coleta, cultivo e comercialização de plantas nativas no RS para destacar quais são os instrumentos de proteção das espécies e as regras para produção de mudas, por exemplo. No caso das espécies ameaçadas de extinção, raras ou endêmicas, o plantio no ambiente natural, mesmo sob a boa intenção de se repovoar o local com a espécie, deve ser realizado somente com as orientações dos pesquisadores e analistas do órgão ambiental competente. 

 

Plano de Ação 

O foco das ações do PAT Campanha Sul e Serra do Sudeste está em 18 municípios do Bioma Pampa no RS e o objetivo é melhorar o estado de conservação de 30 espécies da flora e fauna ameaçadas e seus ambientes por meio da valorização e promoção de práticas sustentáveis e da participação social. O plano contempla 16 espécies de plantas e 14 de animais. Das plantas, quatro são do grupo dos cactos: AFrailea mammifera, Parodia gaucha, Parodia neoarechavaletae e Parodia rudibuenekeri .

Além do curso e do Guia para Cultivo de Cactos, o PAT também atua no fortalecimento da rede de fiscalização e controle para coibir a coleta irregular dos cactos, inclusive por redes internacionais de tráfico. 

A coleta irregular é um dos principais vetores de pressão que ameaçam a conservação dessa espécie, assim como a agricultura, silvicultura e a invasão de espécies exóticas. As cactáceas constituem um grupo de plantas com alto índice de endemismos e com ocorrência restrita de algumas espécies, tornando-as muito suscetíveis a impactos e processos de extinção. 

 

Pró-Espécies

A implementação de Planos de Ação Territoriais para a Conservação de Espécies Ameaçadas (PATs) é uma iniciativa adotada em nível nacional para definir estratégias para a conservação de espécies criticamente ameaçadas de extinção e deficientes de planejamento de conservação. Há um esforço conjunto entre a União e os Estados, por meio do Pró-Espécies – Todos contra a Extinção, para a implementação de políticas públicas e alavancar iniciativas para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de espécies categorizadas como Criticamente em Perigo (CR) e que não contam com nenhum instrumento de conservação. A estratégia é financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Facility Trust Fund), sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. É implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e tem o WWF-Brasil como agência executora.

Acesse aqui o Guia de Cultivo de Cactos.

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