Por Wanja Nóbrega e Tânia Caldas do Governo do Estado de Tocantins e Mariana Gutiérrez do WWF-Brasil
O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) está coordenando o grupo de trabalho, com a participação de órgãos ambientais e organizações não governamentais, com objetivo de garantir a preservação de nove espécies da flora e fauna criticamente ameaçadas no cerrado tocantinense.
As atividades, que encerram nesta sexta-feira, 13, culminarão com a elaboração do Plano de Ação para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Cerrado Tocantins (PAT).
Segundo o biólogo Oscar Barroso Vitorino Junior, inspetor de Recursos Naturais do Naturatins e membro do comitê executivo do Projeto Pró-Espécies, o levantamento das espécies alvos do Plano de Ação, foi feito de acordo com a avaliação do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Ministério do Meio Ambiente. Uma expedição de campo também foi realizada para comprovar os dados.
O grupo de trabalho é formado por profissionais que atuam na área de conservação e pesquisadores ambientais da Universidade Estadual de Maringá (UEM-PR), Universidade Federal de Tocantins (UFT), Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado de Tocantins (Ruraltins), Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), ICMBio, Naturatins e Fundo Mundial para a Natureza (WWF-Brasil), agente executor do Projeto.
Oscar Vitorino explica que, em linhas gerais, o Plano apresenta uma abordagem territorial que permite focar em espécies de flora e fauna e unifica metodologias implementadas com sucesso pelo JBRJ e ICMBio. São quatro espécies de flora contempladas no Plano, sendo elas Angelonia alternifolia, Diplusodon gracilis, Bromelia braunii, Polygala pseudocoriacea; e cinco da fauna: Baryancistrus niveatus (peixe), Baryancistrus longipinnis (peixe), Paratrygon aiereba (raia), Scolopendropsis duplicata (invertebrado), Bachia psamophila (réptil).
O biólogo Eduardo Ribeiro dos Santos, coordenador de Pesquisa Agropecuária da Unitins, informa que durante as oficinas foi discutido o futuro dessas espécies alvos. “Tivemos uma expedição de campo, com coleta botânica e essas espécies estão armazenadas e estamos elaborando ações para saber como conservá-las”, resume.
A veterinária do Naturatins e membro do comitê executivo do Projeto Pró-Espécies, Grasiela Alves Pacheco diz que a equipe de trabalho está tendo uma oportunidade única. “Estamos elaborando um Plano de Ação que já conta com aporte financeiro para começarmos a realizar mudanças significativas, ir para campo e fazer acontecer, não ficar só na teoria”, empolga-se. Ela diz ainda que as nove espécies alvo do Plano são chamadas de “guarda-chuva”, porque têm reflexo direto na vida de outras espécies, “Protegendo elas, protegemos as demais e com isso atingiremos bastante de nosso território”, finaliza.
Analista ambiental da Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (ICMBio), Ana Carolina Sena Barradas, também comemora a realização da oficina para elaboração do Plano de Ação. “A importância desse evento é reunir diferentes atores da área ambiental, das diferentes esferas de governo, que têm conhecimento sobre os problemas e as ameaças e potencialidades da área ambiental do Tocantins, para juntos construir um plano para diminuir o avanço da degradação e oportunizar a conservação de espécies chaves para o cerrado”, sintetiza.
Oficina PAT Cerrado Tocantins
As oficinas para elaboração do PAT – Plano de Ação para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Cerrado Tocantins teve início no último dia 10 e termina nesta sexta-feira, 13, no auditório do Instituto de Gestão Previdenciária do Estado de Tocantins (Igeprev), em Palmas. O grupo de trabalho está sendo coordenado pelo Naturatins, no âmbito do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção.
O Plano de Ação elaborado para o cerrado tocantinense vai contribuir para a proteção de espécies criticamente em perigo mediante a elaboração do plano de ação que procura minimizar os impactos dos vetores de pressão sobre território, visando sua conservação e manejo com engajamento de atores locais.
Expedição de campo
Entre os dias 10 e 23 de janeiro deste ano foi realizada uma expedição com objetivo de buscar informações sobre a situação de conservação das quatro espécies da flora tocantinense classificadas como ameaçadas.
Também foi feita coleta amostras botânicas para melhorar o conhecimento florístico do território tocantinense e de unidades de conservação, além de registrar vetores de pressão incidentes sobre a flora da região. A equipe técnica foi composta por pesquisadores do CNCFlora/JBRJ, Unitins, Naturatins, UEM e Universidade de Brasília (UnB).