Equipe do PAN Flora Endêmica do RJ realiza diversas ações no Território Vale do Paraíba

Publicado em 16 de setembro de 2021
Equipe do PAN Flora Endêmica do RJ realiza diversas ações no Território Vale do Paraíba Créditos: Inara Batista

Expedições de campo, confirmação de registro de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, produção de mudas são resultados positivos na implementação das ações do PAN Flora Endêmica do Rio de Janeiro

Por Dra. Inara Carolina da Silva Batista, coordenadora do PAN Flora Endêmica do RJ e Mariana Gutiérrez (WWF-Brasil)

A equipe do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Flora Endêmica Ameaçada de Extinção do Estado de Rio de Janeiro (PAN Flora Endêmica do RJ) visitou o território Vale do Paraíba em busca das espécies Criticamente em Perigo (CR) de extinção que não possuem algum instrumento de conservação, conhecidas também como espécies “CR Lacuna” e também de plantas endêmicas ameaçadas do estado.

As atividades no território tiveram início em fevereiro e continuaram em julho deste ano com o alinhamento das ações do PAN Flora Endêmica do RJ com o Programa de Apoio às Unidades de Conservação Municipais (ProUC/SEAS RJ) e a visita a Pedra Dubois das quais abrangem ações de implementação do PAN no escopo do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção.  

Renata Lopes, coordenadora do ProUC explica sobre o território que “existe uma proposta para a criação de um Monumento Natural na Pedra Dubois (MONA) pois nesse local habitam várias espécies endêmicas.” Entre elas está a Magdalenaea limae Brade, espécie Criticamente em Perigo (CR) de extinção na Lista Vermelha Nacional e do estado, com a criação do MONA a espécie deixaria de ser CR Lacuna com esta ação.

Pedra Dubois (Santa Maria Madalena) local de ocorrência de Magdalenaea limae e outras espécies endêmicas ameaçadas de extinção. Crédito: Inara Batista

Na primeira etapa da expedição, foi realizada uma visita à Pedra Dubois pelas equipes do PAN Flora Endêmica do RJ, do Instituto Eventos Ambientais (IEVA) e Banco de Sementes Florestais (BESEF) do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), da Secretaria de Meio Ambiente de Santa Maria Madalena, e pela Dra. Suzy Wägler, especialista em Orchidaceae do Instituo Pé de Planta.

Foram identificadas possíveis espécies endêmicas e conseguiram confirmar a espécie Barbacenia fannieae que se encontra Lista Vermelha do estado com categoria Vulnerável (VU). Também foram realizadas visitas ao Horto Central Florestal de Santos Lima (HCFSL) do INEA, um local criado pelo farmacêutico Joaquim dos Santos Lima Junior, o nome dele é homenageado nas espécies Magdalenaea limae e Pteris limae que estão no escopo do Projeto Pró-Espécies.

Servidores Zuleica Moreira, Ângelo Zago (Inea) e Marcos Loureiro (SEAS) no Horto Florestal de Trajano de Moraes localizado na Florestal Estadual José Zago. Crédito: Inara Batista

As equipes visitaram o Banco de Sementes Florestais (BESEF) que recebeu as sementes das espécies endêmicas ameaçadas para serem armazenadas e estudadas e apoiaram o experimento Semeadura de garapa (Apuleia leiocarpa) para pomar da Floresta Estadual José Zago, um projeto da Embrapa e do INEA. Por outro lado, a equipe do PAN Flora Endêmica do RJ depositou no BESEF 443 sementes de três indivíduos do Parque Estadual da Serra da Tiririca coletadas com o apoio do Me. Renan Rangel.

Durante a visita ocorreu um percorrido a área de produção de mudas do HCFSL e o Orquidário/Bromeliário Ary Parreiras que contou com a participação do Prefeito em exercício do município de Santa Maria Madalena, Nilson Costa, o Secretário de Meio Ambiente, Wanderley Ribeiro, e a equipe da Secretaria de Meio Ambiente. As equipes também discutiram como potencializar as ações de marcação de novas matrizes, especialmente para as espécies-alvo do PAN Flora Endêmica, a coleta de sementes e produção de mudas e revitalização do orquidário.

Cabe ressaltar que o orquidário abriga uma amostra da flora local nas quais algumas das plantas cultivadas foram coletadas por Santos Lima, na década de 30. Além de tudo, foram integrados indivíduos de plantas endêmicas para cultivo – conservação ex situ– assim como outras plantas que não possuem flor para uma possível confirmação da espécie. Ao total foram incorporadas 16 espécies de orquídeas à coleção.

Durante a ida para a Floresta Estadual José Zago e Horto Florestal de Trajano de Moraes, as equipes alinharam ações para a produção de mudas da região e possíveis expedições em busca de plantas endêmicas na área e no Horto Florestal de São Sebastião do Alto a equipe percorreu a área produtiva e os canteiros de mudas. Além de que foram localizados indivíduos de uma possível espécie de bromélia endêmica e ameaçada de extinção sendo utilizada no paisagismo do horto. A equipe aguarda a próxima floração para confirmar a identidade das plantas. 

Grumixama (Eugenia brasiliensis, Myrtaceae) sendo cultivada no Horto de São Sebastião do Alto. Ela é uma espécie utilizada em projetos de restauração e é típica da Mata Atlântica. Crédito: Inara Batista

Resultados das ações de implementação

Ao final das expedições de campo que aconteceram na área verde do HCFSL, Morro da Torre, Pedra Dubois e o distrito de Santo Antônio do Imbé foram coletadas 41 espécies para cultivo e 55 espécies para depósito em herbário.

Até o momento foram confirmadas como espécies de flora endêmicas ameaçadas nesta expedição: Aechmea caesia (EN), Alcantarea heloise (EN), Pitcairnia encholirioides (EN), Podostemum saldanhanum (CR), Luxemburgia glazioviana (VU) e Pleroma alatum (DD). Outras cinco espécies estão aguardando confirmação, as sementes de Luxemburgia glazioviana foram coletadas e estão sendo cultivadas pela equipe do HCFSL.

Luxemburgia glazioviana, espécie vulnerável na Pedra Dubois. Crédito: Inara Batista.

Durante as etapas do trabalho no Vale do Paraíba foram: realizadas ações de alinhamento com o ProUC; com Secretaria de Meio Ambiente de Santa Maria Madalena; visitados os municípios de Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto e Trajano de Morais; expedições de campo para o coleta de material botânico, sendo 72 espécies coletadas que serão depositadas em herbário, entrega de insumos para a produção de mudas para o HCFSL; apoio nas ações para pesquisa sobre germinação – mudas de Terminalia acuminataLuxemburgia glazioviana –e na formação de pomar de Floresta Estadual José Zago, depósito de  36 indivíduos de diferentes gêneros de orquídeas e mais 20 de outras famílias, por exemplo, Gesneriaceae e Cactaceae no orquidário do HCFSL.

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