Comunidades do Espinhaço Mineiro se mobilizam para a conservação da biodiversidade com a Ciência Cidadã

Publicado em 25 de julho de 2024
Comunidades do Espinhaço Mineiro se mobilizam para a conservação da biodiversidade com a Ciência Cidadã

Iniciativa promove oficinas e capacitações para fortalecer a rede de cidadãos comprometidos com a preservação ambiental

No coração de Minas Gerais, um movimento inovador está promovendo a conservação da biodiversidade graças ao envolvimento das comunidades locais. A ação é resultado do Plano de Ação Territorial de Conservação de Espécies Ameaçadas do Território Espinhaço Mineiro (PAT Espinhaço Mineiro), coordenado pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF-MG), que tem engajado cidadãos na proteção de espécies ameaçadas por meio da Ciência Cidadã. A iniciativa está transformando a maneira como a população interage com o meio ambiente, promovendo oficinas e capacitações para apresentar as 24 espécies alvo do PAT, que englobam 19 espécies da flora, 3 peixes e 2 invertebrados cavernícolas. 

O objetivo é apresentar o projeto Biodiversidade do Espinhaço Mineiro, criado dentro da plataforma iNaturalist, que funciona como uma rede social, conectando cientistas, biólogos e cidadãos de todo mundo interessados em compartilhar informações sobre plantas e animais. A ideia é que as comunidades façam os registros no aplicativo, enviando fotos ou sons de espécies, juntamente com sua localização geográfica. Os dados possibilitam a identificação das espécies com o auxílio de inteligência artificial e da comunidade de usuários, que inclui especialistas. Após a validação, os materiais são incorporados ao Sistema Global de Informação sobre Biodiversidade (GBIF). 

De acordo com a coordenadora da ação, a bióloga Nadja Simbera Hemetrio, da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB), projetos de Ciência Cidadã permitem que qualquer pessoa contribua para a pesquisa científica, submetendo informações por meio de formulários ou aplicativos. Essa abordagem não só aumenta o conhecimento dos participantes sobre a biodiversidade, mas também fortalece a rede de pessoas comprometidas com a conservação ambiental.

Até o momento, 66 participantes já se inscreveram no projeto.

As primeiras atividades começaram em 2023, com oficinas em parques municipais de Belo Horizonte, capacitando a comunidade para a identificação e registro de espécies ameaçadas, como a Aspilia belo-horizontinae, uma erva de pequeno porte, ramificada e com flores amarelas, cujo último registro ocorreu em 1958. Em 2024, a iniciativa foi expandida para a região da Serra do Cipó, abrangendo o centro-sul do território do PAT.

Entre junho e julho, dez oficinas foram realizadas em cidades como Santana do Riacho, Jaboticatubas, Morro do Pilar e Itabira (Serra dos Alves),Jaboticatubas, Congonhas do Norte (distrito de Extrema), Ferros e Conceição do Mato Dentro (distrito de Tabuleiro)  com a participação de quase 230 pessoas. As atividades contam com a colaboração de  analistas do IEF da URFBio Jequitinhonha e do Núcleo Operacional do PAT Espinhaço Mineiro.

A coordenadora do plano de ação e analista ambiental do IEF, Gabriela Brito, ressaltou que o engajamento das comunidades superou as expectativas, sublinhando a importância dos atores locais na preservação da biodiversidade.

Os próximos passos incluem a publicação do “Guia de Espécies do PAT Espinhaço Mineiro – Ciência Cidadã”, prevista para agosto, a continuidade das oficinas e divulgação do projeto.

O PAT Espinhaço Mineiro faz parte da Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção, no âmbito do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção. O plano abrange uma área de 105.251 km², atravessando os biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, visando a conservação de 24 espécies criticamente ameaçadas e beneficiando outras 1787 espécies na região.

O projeto Pró-Espécies é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), sendo o WWF-Brasil a agência executora.

O projeto trabalha em conjunto com 12 estados do Brasil (MA, BA, PA, TO, GO, SC, PR, RS, MG, SP, RJ e ES) para desenvolver estratégias de conservação em 24 territórios, totalizando 62 milhões de hectares. Prioriza a integração da União e estados na implementação de políticas públicas, assim como procura alavancar iniciativas para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de pelo menos 290 espécies categorizadas como Criticamente em Perigo (CR) e que não contam com nenhum instrumento de conservação.

Para mais informações sobre o PAT Espinhaço Mineiro acesse: http://www.ief.mg.gov.br/biodiversidade/-pat-espinhaco-mineiro

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