Por Mariana Gutiérrez (WWF-Brasil)
A azeitona da mata atlântica (Chionanthus fluminensis) é uma árvore da família Oleaceae, a mesma da azeitona (Olea europea) que conhecemos. Esta planta ocorre em regiões de afloramento rochoso em alguns pontos do município do Rio de Janeiro e de Niterói, devido ao seu grau de ameaça a equipe do Plano de Ação Nacional para Conservação da Flora Endêmica Ameaçada de Extinção do estado do Rio de Janeiro (PAN Flora Endêmica do RJ) está coordenando ações que contribuem para a conservação da espécie.
Esta planta é citada como Criticamente em Perigo (CR) de extinção no Livro Vermelho da Flora do Brasil (2013) e do Livro Vermelho da Flora Endêmica do estado do Rio de Janeiro (2018), neste último descreve como suas principais ameaças: as queimadas, a introdução de espécies exóticas invasoras, a expansão imobiliária e o turismo desordenado próximo as suas áreas de ocorrência.
No ano passado, a equipe do PAN Flora Endêmica do Rio de Janeiro e do Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) realizaram uma expedição no Parque que resultou na coleta de mais de 20 indivíduos da Chionanthus fluminensis para depósito em herbário, de sementes e estudo de germinação para a produção de mudas no Horto Florestal de Guaratiba do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), no âmbito do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção.
Esse ano, a equipe do PESET iniciou o acompanhamento fenológico da espécie para ajudar a determinar o período de floração e frutificação. Desta forma, será possibilitada a criação de um calendário de coleta de sementes.
Inara Batista, coordenadora do PAN Flora Endêmica do RJ e consultora da SEAS explica a dificuldade de acompanhar as espécies com menor população pois elas são mais vulneráveis do que outras espécies e a saúde da planta também pode afetar o resultado da produção de mudas, por isso, “uma matriz é escolhida com base em diferentes fatores, incluindo a sua saúde, quando temos matrizes saudáveis, isso significa que teremos mudas saudáveis e vigorosas que poderão ser utilizadas para a ajudar a manter a espécie”.
Por outro lado, a equipe poderá detectar outras problemáticas, além da saúde que podem afetar a população. Estas ações também estão sendo desenvolvidas para outras plantas endêmicas ameaçadas marcadas pelas equipes na Unidade de Conservação (UC).
A equipe do PAN Flora Endêmica também iniciou atividades de vistoria para detectar Espécies Exóticas Invasoras (EEI) e atividades de manejo de EEI na área de ocorrência da espécie. É importante salientar que a localidade também possui outras espécies endêmicas ameaçadas (ex. a bromélia, Alcantarea glaziouana (EM), endêmica do estado do Rio de Janeiro). Por conseguinte, outras plantas também estão sendo beneficiadas por essa ação.
Por último, a equipe do PESET está desenvolvendo atividades de fiscalização e sensibilização ambiental nas áreas que são visitadas por turistas e tem ocorrência da azeitona da mata atlântica. Neste primeiro momento, as equipes procuram sanar as principais pressões negativas elencadas para a conservação da espécie e resguardar a população do Parque Estadual da Serra de Tiririca (PESET).
Em colaboração técnica com Inara Batista, coordenadora do PAN Flora Endêmica do Rio de Janeiro e consultora da SEAS