A conservação da biodiversidade brasileira é um desafio que exige a articulação entre gestores, pesquisadores e a sociedade civil. Com o compromisso de cumprir acordos internacionais e nacionais, essas mobilizações têm sido viabilizadas por meio dos Planos de Ação Territorial (PATs), estratégias voltadas para a preservação de espécies da fauna e flora em diferentes territórios do Brasil.
Uma das iniciativas nesse contexto é o Projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção, que incentiva o planejamento e a execução de ações de conservação em parceria com os estados. Dessa mobilização, surgiu o PAT Espinhaço Mineiro, um plano de ação territorial voltado à conservação de espécies ameaçadas de extinção na região do Espinhaço Mineiro.
O PAT Espinhaço Mineiro abrange uma área de 105.251 km² e tem como foco a proteção de 24 espécies-alvo criticamente em perigo de extinção. No entanto, os benefícios desse plano são ainda mais amplos, atingindo indiretamente 1.787 espécies, que também são favorecidas pela adoção de medidas de conservação.
O plano de ação estabelece metas e linhas de atuação que incluem a implementação de medidas de conservação e manejo in situ, ex situ e on farm para as espécies do PAT e seus ambientes. Entre essas medidas, um dos desafios mais críticos é o manejo de espécies exóticas invasoras, como o javali e seu híbrido, o javaporco.
Sem predadores naturais na região e com grande facilidade de adaptação a diferentes condições climáticas, esses animais representam uma ameaça ao ecossistema do Espinhaço Mineiro. Sua presença resulta em impactos negativos na agricultura, economia, turismo, conservação ambiental e na saúde dos animais e da população local. Para combater essa problemática, a estratégia do PAT enfatiza a necessidade de controle e monitoramento, evitando que os danos se tornem irreversíveis.
O PAT Espinhaço Mineiro é uma iniciativa do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). O WWF-Brasil atua como a instituição executora em parceria com os estados, sendo que em Minas Gerais a implementação ocorre com o apoio do Instituto Estadual de Florestas (IEF). O financiamento da iniciativa provém do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (Global Environment Facility Trust Fund – GEF).
A importância da prevenção e do envolvimento da sociedade ficou clara em uma das primeiras reuniões realizadas com comunidades locais para debater o problema dos javalis/javaporcos. A conscientização e a participação ativa das populações são fundamentais para garantir que as medidas de controle sejam eficazes e que a biodiversidade do Espinhaço Mineiro continue protegida para as futuras gerações.