Pesquisadores realizam monitoramento inédito da raia-maçã no Tocantins

Publicado em 5 de março de 2025
Pesquisadores realizam monitoramento inédito da raia-maçã no Tocantins Créditos: Acervo Naturatins. Espécie raia-maça

Pesquisadores do Projeto Pró-Espécies realizaram um monitoramento inédito da raia-maçã no Tocantins, utilizando tecnologia de rastreamento por chips implantados nos animais. A iniciativa, que tem como objetivo compreender o deslocamento da espécie e a utilização do habitat, é uma das primeiras do gênero na região e ocorre no âmbito do Plano de Ação Territorial de Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Cerrado Tocantins (PAT Cerrado Tocantins). 

O monitoramento, conduzido por uma equipe de especialistas e coordenado pelo professor Domingos, ocorreu em duas etapas. A primeira, realizada em 2023, consistiu na marcação de exemplares com pequenos transmissores inseridos cirurgicamente nos peixes. Com isso, foi possível acompanhar os deslocamentos da espécie pelo rio. A segunda fase, mais recente, utilizou um helicóptero equipado com antenas para captar os sinais emitidos pelos transmissores, permitindo um levantamento mais ágil e abrangente da movimentação dos animais.

A raia-maçã é considerada criticamente ameaçada de extinção e sua população exata ainda é desconhecida. Estudos apontam que a espécie encontrada no Tocantins pode ser distinta da raia amazônica, indicando a possibilidade de uma espécie endêmica. “Formalmente, ela é considerada uma espécie da região amazônica, mas já há indícios de que a do Tocantins seja uma variação distinta”, explica o professor Domingos Garrone Neto, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), coordenador do monitoramento. 

Entre os principais fatores de ameaça estão os barramentos para construção de hidrelétricas, que fragmentam o habitat natural da espécie, e a pesca acidental. Por possuir crescimento lento e baixa taxa de reprodução, a raia-maçã tem dificuldade de recuperação populacional.

O monitoramento constatou que dos 16 exemplares marcados na primeira fase, 14 ainda transmitem sinais, enquanto dois podem ter tido os transmissores desativados devido ao fim da bateria. “Nosso objetivo é mapear a área de uso da espécie para entender seus padrões de deslocamento e subsidiar estratégias de conservação”, afirma Oscar Vitorino, biólogo do Naturatins. 

Além do monitoramento, o PAT Cerrado Tocantins também promove a capacitação de equipes de licenciamento e fiscalização, visando reduzir impactos futuros sobre a espécie. A expectativa é de que os dados levantados contribuam para novas medidas de proteção e para a revisão da classificação de ameaça da raia-maçã no estado. O relatório final do monitoramento está previsto para ser concluído em breve, consolidando informações que poderão orientar futuras ações de conservação e manejo da espécie no Tocantins.

O monitoramento ocorre no âmbito do projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção. O Pró-Espécies é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), sendo o WWF-Brasil a agência executora.

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