Conservação dos insetos polinizadores: um desafio e um caminho para o futuro

Publicado em 14 de janeiro de 2025
Conservação dos insetos polinizadores: um desafio e um caminho para o futuro

Nos últimos três anos, uma iniciativa transformadora tem buscado enfrentar os desafios impostos à conservação dos insetos polinizadores no Brasil. O Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Insetos Polinizadores (PAN Insetos Polinizadores), liderado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), iniciou seu planejamento em 2020, ainda durante a pandemia. Após mais de dois anos de desenvolvimento, enfrentando ajustes metodológicos e trâmites para publicação, a sua implementação começou em 2023, com a participação ativa de cerca de 230 pessoas diretamente envolvidas e o apoio de várias instituições.

O PAN Insetos Polinizadores trabalha com oito objetivos específicos que buscam mitigar as principais ameaças aos polinizadores, tais como o impacto dos agrotóxicos, a perda de habitat, as espécies exóticas invasoras e as mudanças climáticas. Entre as iniciativas, destacam-se: mitigação dos impactos decorrentes do uso de agrotóxicos, promoção da conectividade de habitats, manejo de espécies exóticas invasoras, educação ambiental e conscientização da população. 

Enquanto a mitigação dos impactos dos agrotóxicos enfrenta grandes desafios devido à falta de transparência nos dados sobre o seu uso no Brasil, a promoção da conectividade de habitats é uma das áreas de maior progresso, com projetos de restauração de habitats e criação de corredores ecológicos que conectam áreas preservadas. Estas iniciativas contam com o suporte de políticas como o Código Florestal e parcerias com os Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, além de organizações internacionais.

Já a gestão de espécies exóticas invasoras tem focado principalmente no controle da abelha Apis mellifera, que impacta diretamente as populações de abelhas nativas do Brasil. O plano inclui pesquisas para avaliar os efeitos dessa e outras espécies e a remoção de colmeias em áreas protegidas. Na educação ambiental, por sua vez, o PAN, em parceria com a Embrapa Meio Ambiente, tem promovido oficinas de agricultura sustentável que reúnem produtores e especialistas para debater soluções como o uso de bioinsumos e a manutenção de fragmentos de vegetação natural.

Os Desafios da Reta Final

Na fase final do projeto, as equipes estão realizando estudos de campo focados em borboletas e abelhas ameaçadas, utilizando dados de projetos complementares como o Genômica da Biodiversidade Brasileira (GBB). Essas ações estão concentradas em Minas Gerais e Goiás. Essas atividades fornecem subsídios para futuras estratégias de conservação baseadas em informações genéticas e ecológicas.

Impacto e o Futuro dos Polinizadores

O Projeto Pró-Espécies também trouxe um impacto significativo ao proporcionar a contratação de bolsistas para atuarem no PAN, fundamentais para a execução das ações. “A participação desses bolsistas foi essencial para avançarmos em várias frentes, desde estudos em campo até a organização de oficinas”, destaca Onildo Marini, coordenador do PAN.

Entretanto, o cenário para a conservação dos insetos polinizadores no Brasil ainda é desafiador. Fatores como o uso abusivo de agrotóxicos, mudanças climáticas e a expansão de monoculturas ameaçam severamente essas espécies. A adoção de práticas agrícolas sustentáveis, como o uso de bioinsumos, a diversificação de culturas e a manutenção de fragmentos de vegetação nativa, podem ser determinantes para reverter esse quadro.

“Embora o conhecimento da sociedade sobre o tema tenha melhorado, ainda há um longo caminho a percorrer. Precisamos intensificar as ações de educação ambiental e promover a participação de todos os setores, especialmente o agrícola”, reforça Onildo.

A conservação dos polinizadores é essencial não apenas para a biodiversidade, mas também para a segurança alimentar e o equilíbrio ecológico. O futuro depende de ações concretas, colaboração e inovação que possam garantir a sustentabilidade dos ecossistemas brasileiros.

O PAN Insetos Polinizadores faz parte de um dos 21 Planos de Ação Territoriais e Nacionais para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PATs/PANs) apoiado financeiramente e tecnicamente pelo Projeto Pró-Espécies nos diferentes biomas brasileiros como a Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Amazônia e Pampa. 

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