Descoberta nova espécie da flora brasileira no Norte de Minas

Publicado em 23 de dezembro de 2024
Descoberta nova espécie da flora brasileira no Norte de Minas

Arbusto raro da família da Lavanda foi identificado em parques estaduais e reforça importância da preservação ambiental

Uma nova espécie de arbusto, nomeada Lippia aonae, foi encontrada em expedições realizadas na cadeia da Serra do Espinhaço, no Norte de Minas. As expedições, realizadas como parte do Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PAT Espinhaço Mineiro), também percorreram os Parques Estaduais Caminho dos Gerais e Serra Nova e Talhado, administrados pelos Instituto Estadual de Florestas (IEF), onde as espécies foram registradas.

A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), a partir de uma coleta de Danilo Zavatin (USP) na região, em outubro de 2023. As expedições de campo tiveram apoio dos projetos Pró-Espécies e Copaíbas e destacam a contribuição do IEF para o avanço do conhecimento científico sobre a biodiversidade brasileira, especialmente em áreas com pouca documentação botânica.

Entre a coleta da espécie em campo e a publicação do artigo científico que “valida” a descoberta existe um processo longo e criterioso. O pesquisador leva o material coletado para o herbário, onde os especialistas começam a analisar a espécie para confirmar se ela é, de fato, nova. Depois, é preciso publicar a descoberta em artigo científico em revista internacional. 

O estudo que levou à identificação da Lippia aonae incluiu ilustrações detalhadas, análises morfológicas e um mapa de distribuição, consolidando o trabalho do IEF e parceiros como referência em pesquisa científica e conservação ambiental. A iniciativa também integra esforços para a produção de um livro ilustrado sobre a flora da região Monte Azul, cidade próxima às áreas de descoberta.

A nova espécie foi batizada em homenagem à professora Lidyanne Aona, curadora do Herbário HURB na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, como reconhecimento por sua contribuição à botânica brasileira.

A pesquisa reforça a necessidade de preservar os campos rupestres, um dos ecossistemas mais ricos e ameaçados do Brasil, e destaca a liderança do IEF na ampliação do conhecimento sobre a flora brasileira.

Uma raridade protegida pela conservação

Lippia aonae é endêmica da Cadeia do Espinhaço e cresce em campos rupestres, formações típicas do bioma Cerrado, entre 900 e 1.250 metros de altitude. O arbusto, com altura de 40 a 60 centímetros, possui folhas aromáticas e pegajosas que brilham ao sol. Apenas duas subpopulações foram registradas, ambas localizadas em áreas protegidas dos parques estaduais mencionados.

Com uma área de ocupação restrita a 12 km², a planta foi classificada como “Vulnerável” (VU) segundo critérios da International Union for Conservation (IUCN). Essa avaliação ressalta o papel essencial das unidades de conservação para garantir a sobrevivência de espécies ameaçadas.

Segundo a coordenadora do PAT Espinhaço Mineiro, Gabriela Brito, a descoberta foi muito comemorada. É mais uma entre as seis decorrentes de expedição de campo em áreas que são lacunas de conhecimento na região. “Essas expedições são fundamentais para ampliarmos o conhecimento da biodiversidade do território e com isso vamos podendo traçar melhores estratégias de proteção e conservação”, explica. 

Pró-Espécies

O território do PAT Espinhaço Mineiro abrange uma área com 105.251 km2, perpassando os biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. São alvo desse PAT 24 espécies Criticamente em Perigo (CR) lacunas, sendo 19 espécies da flora, 3 espécies de peixes e 2 espécies de invertebrados, entretanto, os efeitos positivos das ações do plano também serão refletidos em pelo menos 1.787 outras espécies ameaçadas presentes no território (espécies beneficiadas). O Plano foi elaborado em 2020, tendo validade até final de 2025. 

 

O PAT faz parte do projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção e tem um olhar especial para aquelas espécies que estão em alto risco, classificadas como Criticamente em Perigo (CR) e que ainda não foram contempladas em um instrumento de proteção. O programa é coordenado em MG pelo Instituto Estadual de Florestas.

 

Com informações da Ascom IEF

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