A questão da biodiversidade é tão ou mais urgente que a questão das mudanças climáticas, até porque são dois lados de uma mesma moeda. A convenção do clima traz como meta evitar a perda de biodiversidade. E da forma como o clima está mudando nós vamos perder muitas espécies. Com essa afirmação o diretor de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Braulio Dias, abriu a 13ª Reunião do Comitê Executivo do Pró-Espécies na última semana.
Dias destacou a importância do projeto e a necessidade do empenho de todos os parceiros para ampliar os esforços em prol da conservação da biodiversidade. “Nem preciso dizer o quanto o projeto é importante. Estou extremamente preocupado com todos os estudos científicos recentes sobre os impactos das mudanças climáticas, inclusive sobre a biodiversidade”, destacou o diretor.
O encontro realizado em Brasília entre os dias 31 de julho e 4 de agosto no MMA contou com representantes de todos os estados parceiros, além do ICMBio, IBAMA, JBRJ, WWF-Brasil e Funbio. Durante quatro dias foram compartilhados os resultados do projeto, principalmente o que foi implementado entre janeiro e junho de 2023 como diversas publicações finalizadas, cursos de capacitação realizados em diferentes temas, desenvolvimento ou melhoria de sistemas de informação, além de realização de ações diversas de conservação e restauração e debatido os próximos passos do projeto.
Para citar alguns exemplos, o MMA aprovou a proposta de sete estados para apoiar o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e capacitou 65 pessoas nos cursos sobre facilitação de Planos de Ação Nacional (PAN) e Territorial (PAT) para a Conservação de Espécies Ameaçadas. O Ibama por sua vez relatou a reforma dos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) em cinco estados, a elaboração de projetos arquitetônicos para reforma de outros oito Cetas.
Para promover as boas práticas ambientais no uso da terra e produção agrícola, o PAT Capixaba-Gerais adquiriu insumos e implementou sete unidades demonstrativas no Nordeste de MG, com certificação orgânica. Já o PAT Chapada Diamantina-Serra da Jiboia realizou o cadastramento de imóveis rurais em áreas estratégicas do PAT. Já são mais de 1700 imóveis cadastrados e sincronizados com o SICAR. O PAT Planalto Sul, por sua vez, promoveu o fortalecimento da cadeia do pinhão como referência para as demais cadeias produtivas por meio da capacitação de extrativistas, criação de selo de procedência do pinhão, articulação para incrementar o pinhão na alimentação escolar e realizando audiência pública sobre o tema.
Vale ressaltar o sucesso das expedições recentes. A Coordenação de Avaliação do Risco de Extinção das Espécies da Fauna (COFAU) do ICMBio realizou três no primeiro semestre do ano. Em Sergipe, precisamente no Parque da Serra de Itabaiana, realizou 56 novos registros de borboletas para o estado e encontrou 40 espécies de besouros. Dois novos registros de borboleta também foram feitos no estado da Paraíba, na Rebio Guaribas.
Os pesquisadores do PAT Xingu, em parceria com o PAN Rivulídeos, conseguiram encontrar a espécie de peixe-das-nuvens alvo do PAT e ainda confirmar a ocorrência de outras espécies alvo. Já o Jardim Botânico do Rio de Janeiro coletou mais de 2.700 amostras botânicas, além de ter encontrado 15 espécies-alvo em sete expedições. O PAT Cerrado Tocantins também conseguiu registrar novas espécies durante as expedições.
Ainda durante o encontro, o ICMBio lançou a plataforma SALVE, que reúne dados de mais de 14 mil espécies da fauna brasileira avaliadas em relação ao risco de extinção. Com o objetivo de facilitar a gestão do processo de avaliação do risco de extinção e tornar as informações mais acessíveis, o SALVE vai contribuir para a geração de conhecimento e implementação de políticas públicas voltadas à conservação da biodiversidade. O lançamento ocorreu no ICMBio e contou com a presença de todos os parceiros do Pró-Espécies que estavam em Brasília, além de funcionários do ICMBio, MMA, IBAMA, Universidades, ONGs ambientais e jornalistas.
“Estamos nos últimos meses de execução do Pró-Espécies e temos resultados robustos para celebrar. Destaco a importância do envolvimento dos estados que incorporaram as espécies a desenvolveram nos territórios as ações de conservação de espécies criticamente em perigo, assim como o levantamento de informações sobre essas espécies. Outro resultado importante foi o esforço de integração de base de dados sobre espécies ameaçadas e a disponibilização destas informações para todos por meio dos portais SALVE e Conserva Flora, fontes fundamentais para tomadores de decisões e para que a sociedade entenda o desafio de cuidar dessa mega biodiversidade brasileira”, afirmou Gabriela Moreira, coordenadora do projeto Projeto Pró-Espécies.