O Projeto Pró-Espécies: Todos contra extinção iniciou neste mês de fevereiro os preparativos para a elaboração do Plano de Ação Territorial para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Planalto Sul, em conjunto com os estados de Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS). O Plano será voltado para espécies categorizadas como Criticamente em Perigo (CR) e que não possuem nenhuma estratégia de conservação, como planos de ação ou ocorrência em Unidades de Conservação.
A oficina preparatória contou com representantes do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA -SC), da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS – SC) e da Secretaria de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (SEMA-RS), que coordenarão, em parceria, a realização do Plano de Ação (PAN) da região. Também participaram o Ministério do Meio Ambiente (MMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), WWF-Brasil e técnicos de diversas instituições parceiras. A reunião aconteceu no Centro de Treinamento da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), em São Joaquim/SC.
A oficina foi a etapa inicial para a elaboração e implementação do Plano de Ação (PAN) do Planalto Sul. Durante o evento foi discutido a identidade do PAN, nome pelo qual será identificado, e seus limites territoriais. Além disso, foram listados os participantes estratégicos que serão importantes para a elaboração do plano e realizou-se um levantamento dos principais fatores de pressão à biodiversidade da área.
O IMA-SC levou para discussão a proposta de criação do Corredor Ecológico Papagaios da Serra, que se encontra na região norte do território Planalto Sul e, por ser uma área catalogada como importante para a conservação, pode-se tornar uma ação do PAN. A intenção é juntar os esforços e iniciativas para que as ações sejam mais efetivas.
“Participar do processo de construção de um plano de ação nacional, prevendo o território entre o Rio Grande Sul e Santa Catarina, que contempla os campos de altitude e as florestas com araucária, nos motiva e traz muita esperança na conservação de espécies que ocorrem nessa região. Ligadas a esses ecossistemas temos também a união de dois estados, múltiplos órgãos do poder público, de universidades, de organizações não governamentais somando esforços para melhorar a situação de conservação de espécies que estão extremamente ameaçadas como essas que foram definidas como criticamente perigo e que não tem muitas informações nem ações de conservação contemplando essas espécies.”, apontou o Prof. Jaime Martinez, da Universidade de Passo Fundo.
Espécies Ameaçadas
As espécies estão distribuídas em dez categorias e quatro delas são consideradas ameaçadas: Extinta na Natureza (EW), Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN) e Vulnerável (VU).
O foco principal do PANs territoriais do Projeto Pró-Espécies são as espécies correspondentes à categoria Criticamente em Perigo (CR) como a espécie Aegla brevipalma (invertebrado aquático) e a Bromidium ramboi (angiosperma), tanto de fauna como de flora, apenas um nível inferior em relação a categoria Extinta na Natureza (EW). Não obstante, há espécies Criticamente em Perigo (CR) que são mais vulneráveis porque não contam com uma estratégia de conservação. Estas espécies são chamadas de espécies CR Lacuna no âmbito do projeto.
O Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção busca adotar ações de prevenção, conservação, manejo e gestão para minimizar as ameaças e o risco de extinção de no mínimo 290 espécies Criticamente em Perigo (CR) como invertebrados, peixes continentais, mamíferos, flora, entre outros. A expectativa é que com estes PANs territoriais as ações sejam capazes de beneficiar direta ou indiretamente até 2.755 espécies.
Próximos Passos
Está sendo planejada para os próximos meses a realização de uma expedição de campo para análise e registros das espécies no território, bem como para observação dos fatores de pressão levantados. Além disso, está prevista para esse semestre a capacitação de especialistas sobre a metodologia escolhida para a elaboração de PANs territoriais. Por último, a Oficina de Elaboração do PAN Planalto Sul está prevista para o mês de maio na qual serão planejados, junto com os parceiros, os objetivos e as ações de conservação para as espécies alvo do PAN para os próximos 5 anos.
Shigueko Ishiy, coordenadora do subcomponente Gestão de Ecossistemas do IMA-SC destaca a elaboração do PAN: “consideramos muito importante esse olhar específico para a região definida, congregando diversas instituições e visando a conservação num espaço territorial conjunto com o estado do RS, respeitando as culturas locais e valorizando ações já existentes”.
Os Planos de Ação Nacional para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PANs) são indispensáveis para estabelecer ações a médio e curto prazos na preservação de espécies ameaçadas. O resultado da implementação de PANs possibilita iniciativas nacionais, atualização de regulamentações, sensibilização, conscientização e educação ambiental, entre outras linhas de ação. Tudo isso para reverter o impacto negativo dos fatores responsáveis pelo declínio de populações de espécies ou degradação de ambientes.