Com o objetivo de apresentar os resultados, integrar a equipe e alinhar as atividades estratégicas para esse ano de execução do Pró-Espécies: Todos Contra a Extinção, foi realizada a 12ª Reunião do Comitê Executivo na Serra do Cipó, interior de Minas Gerais. O evento contou com a presença de representantes dos 17 parceiros que compõem o projeto e durou quatro dias.
Além da apresentação das atividades desenvolvidas por cada órgão presente, a dinâmica do encontro proporcionou momentos para o planejamento de novas ações, para o remanejamento de recursos, interação entre membros da equipe e saída de campo. Para Samuel Schwaida, analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e que integra a equipe de coordenação do projeto, o encontro foi fundamental para integrar os parceiros. “A avaliação geral é que a reunião foi muito positiva, pois foram apresentados diversos resultados e foi um momento muito importante de interação e integração entre todos os parceiros”, reforçou.
Dentre os principais resultados apresentados está a elaboração de 16 Planos de Ação nacionais e territoriais para conservação de espécies ameaçadas de extinção que, juntos, avaliaram mais de 8 mil espécies ameaçadas de extinção, superando a meta inicial de 7 mil. O projeto também já organizou dezenas de expedições para identificação de espécies e localização de algumas que não haviam registros recentes, fomentou a elaboração da base de dados de espécies exóticas invasoras e da proposta de Programa Nacional de Alerta, Detecção Precoce e Resposta Rápida, além de executar diversas ações de educação ambiental e capacitação.
Parceria
Nos primeiros dias de evento, a equipe se debruçou sobre os resultados e metas atingidas até o momento e definiu quais serão as estratégias para ampliar a conservação das espécies ameaçadas de extinção. “Foi uma reunião muito objetiva e mesmo com tantos resultados, conseguimos atingir nosso objetivo em dois dias. Isso significa que todos têm plena compreensão do que é o projeto, quais são as entregas e como é a dinâmica dos processos internos, que não são simples. São muitos parceiros e muitas etapas para a execução, sempre garantindo a transparência e eficiência e isso é muito importante para o sprint final do projeto. Ainda temos entregas a serem feitas, mas o compromisso dos parceiros nos dá tranquilidade e confiança de que iremos recuperar nesse último ano”, complementou Gabriela Moreira, coordenadora do Pró-Espécies no WWF-Brasil.
Para o encerramento da reunião, foi organizada uma saída de campo. Os anfitriões, o Instituto Estadual de Florestas (IEF/MG), levaram os 40 participantes para percorrer duas trilhas dentro do território pertencente ao Plano de Ação Territorial para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Espinhaço Mineiro (PAT Espinhaço Mineiro). A primeira parada da programação, articulada com funcionários do Parque Nacional da Serra do Cipó do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), foi a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Alto do Palácio. Em seguida, a comitiva seguiu para a área do parque, onde pôde conhecer detalhes das trilhas interpretativas que estão em desenvolvimento e, na sequência, assistiram a uma série de palestras com os principais articuladores locais do Pró-Espécies. A última etapa do evento ficou por conta de uma apresentação cultural em uma comunidade tradicional da região.
“Um aspecto fundamental que está acontecendo graças ao projeto é que a conservação das espécies ameaçadas, que antes ocorria preferencialmente dentro das unidades, está ampliando. Hoje tivemos uma prova do quanto tudo está interligado, pois nós tivemos apresentação de pesquisadores, de proprietários de unidades privadas, que estão mais conscientes sobre a importância da conservação, órgãos ambientais de diferentes níveis e, por último, uma comunidade tradicional que tem importância no território. Esse é o conceito de conservação no território, que envolve desde os pesquisadores até moradores da região”, argumentou Gabriela Moreira.
CR Lacuna
O Pró-Espécies foi lançado em maio de 2018 com a proposta de adotar medidas para proteção de todas as espécies ameaçadas do país, em especial para as 290 que estão em situação mais crítica de ameaça de extinção e que não contam com instrumento de conservação, conhecida como “CR Lacuna”.
O projeto atua em pelo menos 12 áreas-chave para conservação de fauna e flora ameaçada de extinção, totalizando 62 milhões de hectares. As atividades são desenvolvidas em parceria com 13 estados brasileiros, financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Facility Trust Fund), sob a coordenação do Departamento de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do MMA. É implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e tem o WWF-Brasil como agência executora. Entre os parceiros estão o ICMBio, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Órgãos Estaduais de Meio Ambiente.
A expectativa é que os resultados desses quatro anos de atividades reforcem a importância e a necessidade de dar continuidade ao projeto.“O Pró-Espécies gerou resultados muito importantes até o momento, como a elaboração e implementação de PANs e PATs, a atualização das Listas Nacionais Oficiais de Espécies Ameaçadas de Extinção, implementação da Estratégia Nacional para Espécies Exóticas Invasoras e formação de uma rede de colaboradores empenhados, competentes e comprometidos com a conservação de espécies. Resultados assim são fundamentais para a continuidade das ações após o término da execução do projeto, bem como para sensibilizar as instituições de fomento para uma eventual segunda etapa do Pró-Espécies”, concluiu Samuel.