Por Inara Carolina da Silva Batista (consultora da SEAS/WWF-Brasil) e Marcos Loureiro (SEAS)
A Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS) finalizou a ação 1.6 – Incluir as áreas prioritárias para conservação das espécies endêmicas no “Projeto Olho no Verde” do governo estadual. Essa ação tinha como objetivo aumentar a fiscalização em relação ao desmatamento e às queimadas nessas áreas do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Flora Endêmica Ameaçada de Extinção do estado do Rio de Janeiro (PAN Flora Endêmica do Rio de Janeiro).
O Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção apoia a implementação de algumas ações do PAN Flora Endêmica do Rio de Janeiro para melhorar o estado de conservação de flora e fauna que se encontram Criticamente em Perigo (CR) de extinção e não contam com nenhum instrumento de conservação, também conhecidas como CR Lacuna.
O Olho no Verde foi criado em 2016 e é um dos projetos estratégicos da SEAS e do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), tendo como foco a detecção de mudanças na cobertura florestal do Estado do Rio de Janeiro e a redução dos desmatamentos ilegais no território fluminense. Este projeto utiliza imagens de satélite de alta resolução obtidas semanalmente, o que permite identificar o corte de uma única árvore com precisão. O Projeto é constituído por três componentes: 1) Mapeamento da cobertura da terra, gerando uma base cartográfica digital que irá subsidiar diversas ações de gestão ambiental, incluindo a implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR); 2) Monitoramento da cobertura florestal com vista à identificação de desmatamentos ilegais; e 3) Desenvolvimento de um protocolo interno integrando e otimizando procedimentos adotados por setores do INEA que atuam na fiscalização ambiental.
A primeira e a segunda fase do projeto, cooperação entre a Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (COPPETEC/UFRJ) e a empresa Porto do Açu Operações S.A e SEAS, efetuou o mapeamento sistemático da cobertura florestal monitoramento contínuo de uma área de 7.000 km² do território. Já na terceira e quarta fase, com os recursos oriundos da Câmara de Compensação Ambiental (CCA), ocorreu o aumento da área do monitoramento para 10.000 km² onde foram incluídas algumas áreas prioritárias para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado (AT 1.6 do PAN Flora Endêmica RJ).
Em uma avaliação recente no qual foram sobrepostos os mapas com as áreas de monitoramento do Olho no Verde e os pontos de coleta das espécies endêmicas (Livro Vermelho da Flora Endêmica do Estado do Rio de Janeiro, SEAS /JBRJ, 2018) foram verificados 2.079 pontos de coleta dessas espécies localizados no polígono do Olho no Verde. Essas localidades incluem as espécies CR Lacuna: Pecluma imbeana (Polypodiaceae), parente da samambaia de jardim e espécie registrada apenas para Santa Maria Madalena e tendo sua última coleta em 1932 e Magdalenaea limae (Orobanchaceae), única espécie do gênero, sendo sua última coleta em 1935.
Além das CR lacunas citadas, existem muitas outras espécies endêmicas ameaçadas de extinção do estado do Rio de Janeiro localizadas na área de monitoramento do Olho Verde como: a bromélia Aechmea caesia (nome popular Aequimea), planta ornamental; Terminalia acuminata (guarajuba), espécie com interesse madeireira e já utilizada em ações de reflorestamento; o Erythroxylum ovalifolium (fruto de sabiá), com potencial medicinal e para ser utilizada em ações de regeneração em restinga, e muitas outras espécies. Com a finalização desta meta e execução do Olho no Verde no estado, a SEAS e o Projeto Pró-Espécies aumentam a proteção sobre a flora endêmica ameaçada de extinção.