O Instituto Estadual de Florestas (IEF) deu mais um passo para contribuir com a conservação de 24 espécies da fauna e da flora criticamente ameaçadas de extinção na região conhecida como “Espinhaço Mineiro”. Tiveram início nesta segunda-feira (27/07) as atividades que vão definir como Minas Gerais vai agir na prática para fomentar a conservação de 19 espécies da flora, três de peixes e duas de invertebrados nessa porção do território do Estado que é uma das 12 áreas-chave do Brasil prioritárias para conservar espécies ameaçadas de extinção, conforme o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
A mais recente etapa desencadeada é a Oficina de Elaboração do Plano de Ação Territorial (PAT), previsto na Estratégia Nacional Para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção Pró-Espécies: Todos contra a extinção. A iniciativa é promovida pelo MMA com recursos do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês Global Environment Facility Trust Fund).
Essas 12 áreas-chave estão em 13 estados e significam uma porção de 9 milhões de hectares onde são esperadas ações para conservar 290 espécies severamente ameaçadas de extinção. Em Minas, o IEF coordena os trabalhos. A Oficina de Elaboração é uma etapa prevista para durar 30 dias em que será definido o Plano de Ação Territorial para o Espinhaço Mineiro. Esse plano vai trazer a lista de atividades necessárias para reverter o cenário de ameaça às 24 espécies que são conhecidas como espécies CR Lacunas, pelo risco de extinção e por não possuir atualmente nenhuma estrutura para sua proteção.
O ponto de partida da Oficina de Elaboração foi dado em uma reunião online com mais de 70 participantes, entre representantes da sociedade civil, poder público, iniciativa privada, e academia. Durante um mês, as diversas atividades previstas nesta oficina serão desenvolvidas com o apoio da ferramenta Google Sala de Aula, já que a pandemia de Covid-19 mudou os planos de imersão presencial que estavam previstos na cidade de Diamantina.
Antes disso, foram realizadas as atividades da chamada Oficina Preparatória, que teve o objetivo de realizar o levantamento inicial de dados relevantes para a elaboração do PAT Espinhaço Mineiro. Nessa fase, o foco se voltou para o aperfeiçoamento da abrangência geográfica, validação e complementação da lista de espécies da flora e da fauna categorizadas como “Criticamente em Perigo”, de acordo com a União Internacional pela Conservação da Natureza (UICN), e que ainda não contam com nenhum instrumento oficial de conservação no Estado. Também foram estabelecidas as principais pressões e ameaças sofridas por essas espécies no território de abrangência do projeto.
Antônio Malard, diretor-geral do IEF, ressalta que este projeto integra uma série de ações e medidas que estão sendo implementadas pelo Instituto para a agenda da conservação. Ele destaca a importância da definição participativa, quando da elaboração do PAT, por meio da contribuição e do compartilhamento de experiências e vivências dos vários atores envolvidos na Oficina. Também chama atenção para as ações concretas e viáveis, dentro do escopo de um planejamento sustentável do território, a serem implementadas e efetivadas em curto e médio prazo.
De acordo com a analista ambiental do IEF, Gabriela Cristina Barbosa Brito, que é a coordenadora do Núcleo Operacional MG Pró-Espécies, o momento agora é de construir de fato a matriz de ações que possam contribuir para que as espécies saiam da lista de ameaçadas de extinção ou que possam se manter conservadas. “Depois disso, o IEF adotará todas as medidas cabíveis para validar o plano, atestando que o órgão está comprometido com as ações desenvolvidas no ambiente colaborativo”, diz ela. A condução das oficinas é realizada pela consultoria especializada Vallie, contratada pela WWF-Brasil a partir de requisitos definidos pelo IEF. A WWF-Brasil é responsável pela execução dos recursos do Pró-Espécies em âmbito nacional.
Mais detalhes do Projeto Pró-Espécies
O objetivo principal do Projeto Pró-Espécies é promover iniciativas para reduzir as ameaças e fortalecer a conservação das espécies ameaçadas de extinção. O Projeto foi estruturado em quatro componentes principais, desenhados de forma a combater as principais causas de extinção das espécies, que são a perda de habitat, extração ilegal e a presença de espécies exóticas invasoras.
Esses componentes são integração de conservação de espécies ameaçadas em políticas setoriais; combate à caça, pesca, extração ilegal e tráfico de animais silvestres; alerta e detecção precoce de espécies exóticas invasoras; e coordenação e comunicação. O Projeto conta com U$ 13,1 milhões distribuídos nessas quatro vertentes. Mais informações podem ser obtidas nos links do MMA.
Saiba mais
A Serra do espinhaço, também chamada de “cordilheira brasileira”, é uma formação rochosa de aproximadamente 2,5 bilhões de anos, que percorre mais de 1.000 Km entre a porção Central de Minas Gerais até a região do Morro do Chapéu, na Bahia. Essa extensa cadeia montanhosa com características singulares abriga riquezas ambientais e turísticas no território mineiro, como a Serra do Cipó e Serra do Caraça, além da Chapada Diamantina, na Bahia.
Texto: Guilherme Paranaiba da Ascom/Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SISEMA)