A oficina de elaboração do 2º Ciclo do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Peixes Rivulídeos Ameaçados de Extinção (PAN Rivulídeos), realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), aconteceu entre os dias 09 a 12 de dezembro de 2019, no Centro de Formações em Conservação da Biodiversidade do ICMBio (ACADEBIO), localizado na Floresta Nacional de Ipanema, Iperó/SP.
Com apoio do Projeto Pró-Espécies: Todos Contra a Extinção, representantes de 38 instituições de todas as esferas do governo federal, estadual e municipal, sociedade civil organizada, academia, setor produtivo, entre outros, elaboraram os objetivos e as ações que serão implementadas nos próximos cinco anos para a conservação desses peixes anuais.
Para a coordenadora do PAN e analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Aquática Continental (CEPTA/ICMBio), Izabel Boock, o principal avanço em relação ao 1º Ciclo do PAN é a participação ampliada da sociedade: “a diversidade de atores é muito maior que no 1º e isso resultou em ações que são muito mais estratégicas e que prometem ter um resultado mais prático para a conservação das espécies”.
O pesquisador e Doutor Luis Esteban Krause Lanés aponta sobre a vulnerabilidade dos peixes “os rivulídeos são um grupo de pequenos peixes bastante peculiar. Muitas das suas espécies possuem um ciclo de vida anual e habitam áreas úmidas temporárias como pequenos brejos, veredas, banhados e charcos. Estes ambientes costumam ser negligenciados quanto a sua importância biológica e são muito vulneráveis a ação humana, podendo ser facilmente alterados e destruídos por aterramento e drenagem”.
Esses peixes também têm uma distribuição extremamente restrita e dentre os grupos de vertebrados são os mais ameaçados de extinção no Brasil. Krause constata a importância de iniciativas como o PAN Rivulídeos e o Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção como peças fundamentais para evitar a extinção de espécies.
Dentre as 125 espécies de peixes rivulídeos ameaçados de extinção que foram contempladas no 2º ciclo do PAN, 28 são foco do Projeto Pró-Espécies, pois estão Criticamente em Perigo (CR) e não possuíam, antes deste plano, nenhum instrumento de conservação. Dessas, 18 estão presentes nos territórios do Projeto.
Sara Maria de Brito Alves, do Instituto do Meio Ambiente e Recurso Hídricos (INEMA-BA), explica a importância da integração do PAN Rivulídeos com o Projeto Pró-Espécies: “O apoio do GEF Pró Espécies à elaboração do PAN Rivulideos é claramente uma ação de convergência de objetivos, além de reforçar a estratégia de conservação das espécies ameaçadas. Mais que isso, promove a capacitação e fortalecimento dos estados que estão elaborando os Planos de Ação Territorial – PAT, a exemplo da Bahia, Tocantins e Rio Grande do Sul que participaram da oficina. Como resultado levamos na bagagem ricas experiência de facilitação e moderação e ampliamos nossa rede de contatos e colaboração.”
Como resultados da elaboração do 2º ciclo do PAN Rivulídeos, foram estabelecidos cinco objetivos específicos e 35 ações para a conservação dos peixes rivulídeos ameaçados de extinção nos próximos cinco anos.
Segundo Izabel Boock, “as expectativas (para este ciclo) são excelentes, principalmente de parcerias com os estados devido ao Pró-Espécies, para trazer ações de implementação direta para a conservação das espécies em conjunto com os estados, tentando levar a conservação para todo o grupo das 125 espécies ameaçadas”.
Pré-lançamento do vídeo “O Peixe das Nuvens”
Durante a oficina, o Instituto Pró-Pampa, em parceria com a Rastro – Ecologia Criativa, fizeram o pré-lançamento do vídeo “O Peixe das Nuvens”. O vídeo mostra o trabalho que foi realizado pelo Instituto Pró-Pampa com os peixes rivulídeos na ESEC Taim/ICMBio, e tem como objetivo “valorizar a pesquisa e os pesquisadores, divulgar as espécies de rivulídeos e sua importância ecológica, bem como as ameaças à conservação desses animais”, informa Gustavo Arruda, da Rastro – Ecologia Criativa.
O vídeo também tem como propósito “gerar um conteúdo com linguagem acessível para contribuir com ações de educação ambiental e divulgação da ciência”, dessa forma, ao mesmo tempo em que os resultados são divulgados, a beleza da natureza selvagem é apresentada ao público. A pesquisa foi patrocinada pela Fundação Grupo Boticário e o vídeo foi produzido pela Rastro – Ecologia Criativa, com apoio do Hubittat, FlyCamera e ICMBio, contando ainda com imagens do fotógrafo colaborador da National Geographic Brasil, Gustavo Fonseca. O lançamento oficial para o público será no início de 2020.